São Paulo, terça-feira, 03 de agosto de 2010

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TENDÊNCIAS/DEBATES

Um balanço para o futuro

LUIZ BARRETTO


Na Casa Brasil, durante a Copa, o país foi mostrado como um mosaico complexo, sofisticado e competente, para além do estereótipo


A Copa do Mundo acabou. É hora de fazermos um balanço da atuação do Brasil. Dentro de campo, vamos trabalhar pela vitória em casa, em 2014. Fora dele, há razões para comemorar. Durante 26 dias, entre 15 de junho e 11 de julho, o Brasil mostrou-se ao mundo na Casa Brasil, em Johannesburgo, em toda a sua diversidade étnica, cultural, socioeconômica e ambiental.
Ali, estiveram presentes a força do nosso parque industrial, a tecnologia "made in Brazil", o talento dos designers, a história das conquistas nas outras Copas, as belezas naturais, a riqueza da gastronomia e do patrimônio histórico.
O que pode parecer rotineiro é a novidade. Pela primeira vez, a promoção do Brasil não se restringiu ao turismo, ao potencial econômico ou aos feitos esportivos, de forma estanque. O país foi mostrado como um mosaico complexo, sofisticado e competente, para além do estereótipo.
O retorno é visível. A Casa Brasil recebeu 20,2 mil visitantes de 102 países. Desse total, 914 eram jornalistas. Até o último dia 15, os repórteres estrangeiros já tinham publicado 230 reportagens em veículos impressos. O alcance estimado é de 118 milhões de pessoas ao redor do mundo, sem incluir a exposição em rádio, TV e internet.
O valor dessa conta em publicidade seria muito superior ao orçamento para promoção internacional do Ministério do Turismo -sem falar na credibilidade emprestada pelos veículos que publicaram as reportagens.
Desde 12 de julho, estão no ar nas TVs de todo o mundo e na internet filmes assinados pelos cineastas Fernando e Rodrigo Meirelles, que dão sequência à ação de promoção iniciada na Casa Brasil.
Começamos a experimentar o ganho de imagem que a Copa de 2010 proporcionou à África do Sul.
Depois de 30 dias de exposição maciça e do sucesso na organização dos jogos, a imagem da maior economia do continente africano é diferente da que se tinha até o início da competição.
A Casa Brasil foi apenas o início da promoção do nosso país associada à Copa de 2014 e já deixou lições.
Uma delas é que o Brasil é um grande produto turístico. Outro grande ativo, segundo os estrangeiros que nos visitam, é a alegria e hospitalidade dos brasileiros, a disposição de convivência com povos e culturas de todo o mundo.
Não devemos abrir mão dessa complexidade para nos mostrarmos ao mundo. A essa riqueza, temos agregado serviços cada vez mais qualificados de hotéis, pousadas, sofisticação de restaurantes e o refinamento das artes, do artesanato e do design.
Para que a Copa de 2014 deixe a herança mais proveitosa possível, o Ministério do Turismo tem investido em qualificação e infraestrutura, acesso a destinos turísticos, centros de convenções, recuperação de patrimônio histórico, orlas marítimas e fluviais, entre outras obras.
Hoje, já há 40 mil trabalhadores da indústria do turismo recebendo aulas de inglês e espanhol à distância; em dezembro, serão 80 mil.
Além disso, o presidente Lula anunciou um pacote de medidas de R$ 23 bilhões para 2014. O investimento prevê a construção e reforma de aeroportos, portos, mobilidade urbana e hotelaria, que receberá R$ 1,8 bilhão em créditos disponíveis nos bancos oficiais.
O Brasil é conhecido pelas paisagens exuberantes. Cada vez mais, porém, os turistas serão atraídos por um país cuja identidade não se esgota nos atributos naturais e culturais. É preciso agregar a essa imagem os outros predicados de um país que oferece oportunidades de negócios, um rico patrimônio arquitetônico, profissionais e empresas arrojados, infraestrutura e serviços de qualidade.
Um Brasil moderno, sofisticado, inventivo, competente, alegre e hospitaleiro.


LUIZ BARRETTO, 47, sociólogo, é ministro do Turismo.

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