São Paulo, segunda-feira, 03 de setembro de 2001

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POLÍTICA DE SEGURANÇA

O drama vivido na semana passado pela família Abravanel chamou a atenção da população para o número de sequestros no Estado de São Paulo em 2001. No primeiro semestre deste ano, houve 102 crimes desse tipo, número superior à soma registrada de 1998 a 2000.
O governo estadual alegou que essa explosão de sequestros representa uma migração de criminosos que antes agiam em áreas em que a polícia tem atuado com vigor, como roubo de carga e assalto a bancos.
Essa explicação é exemplo da ineficiência das políticas de segurança no país. Ainda que a ação policial tenha sucessos parciais, o combate global à violência parece mal planejado.
Afinal, com os recursos tecnológicos atualmente disponíveis, é mais factível planejar a ação policial a partir de um acompanhamento preciso das ocorrências policiais de acordo, por exemplo, com as regiões e os tipos de crime.
A questão da segurança exige, porém, mais do que planejamento. Infelizmente, ela não tem obtido boas respostas de setores políticos tanto à direita quanto à esquerda.
De um lado, alguns pregam a truculência como sinônimo de eficiência policial, ignorando direitos do cidadão e a capacidade que as mazelas sociais do país têm de gerar novos candidatos ao crime. Do outro, alguns consideram a violência como um problema que só será resolvido com melhores condições sociais, esquecendo que a população, em especial a mais pobre, permanece assim sob a ameaça de bandidos.
Uma boa política de segurança exige uma atuação policial ao mesmo tempo firme e respeitosa dos direitos dos cidadãos. Essa não é uma tarefa fácil, que depende, entre outras coisas, de recursos para melhores salários, treinamentos e equipamentos.
É também preciso debelar a corrupção na polícia e criar condições para que a plena confiança da população nessa corporação seja recuperada e, por extensão, o orgulho do policial. A segurança é uma questão de planejamento, de atuação técnica e de cidadania.


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