São Paulo, domingo, 03 de outubro de 2004

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PERSPECTIVAS MUNDIAIS

A política fiscal expansionista adotada pelo Tesouro americano, associada a taxas de juros negativas praticadas pelo Fed, recolocou os Estados Unidos na liderança do dinamismo mundial. A economia americana voltou a impulsionar a demanda mundial, retransmitindo seus estímulos para o resto do mundo por meio de elevados e persistentes déficits comerciais. Ao dinamizar as transações globais, o déficit americano produz uma confluência de interesses que favorece a sua perpetuação ao longo do tempo.
De acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional), a economia mundial deve crescer 5% neste ano e recuar para 4,3% em 2005. Os EUA e o Japão, as duas maiores economias do mundo, deverão apresentar taxas de crescimento de 4,3% e 4,4%, respectivamente, neste ano. O comércio internacional deve encerrar 2004 com um avanço de 8,8%.
Para o Brasil, o Fundo projeta uma expansão de 4%, uma das menores taxas de crescimento em todo o mundo. Em 2004, o desempenho do país ficará abaixo da média mundial, dos países da América Latina, do Mercosul, da Ásia e da África. A China crescerá 9%. A Índia, 6,4%; a média dos países africanos, 4,5%.
Os países em desenvolvimento devem consolidar um superávit em conta corrente de US$ 285,7 bilhões e reservas internacionais de US$ 350 bilhões, o que afasta do horizonte, a curto prazo, o risco de crises financeiras e cambiais como as que aconteceram em meados dos anos 90. Esses fatos, aliados às baixas taxas de juros prevalecentes nos países industrializados, mesmo que em lento processo de alta, deverão ajudar a preservar os fluxos de capitais para os países emergentes.
O movimento de alta nos preços do petróleo pode desencadear efeitos deletérios sobre a inflação, com as autoridades monetárias elevando as taxas de juros e reduzindo o dinamismo da economia global. A China tem sido responsável por cerca de 30% a 50% do aumento da demanda por petróleo. A Índia, por outros 10%. Enfim, a expansão da demanda mundial deverá manter as pressões sobre a oferta de petróleo e, por conseguinte, sobre os preços.
O Fundo manteve a projeção de crescimento para a economia brasileira em 3,5% para 2005, desacelerando em relação a este ano. O Brasil, no entanto, deveria aproveitar esse cenário otimista da economia mundial, da liqüidez internacional e das perspectivas dos países em desenvolvimento para sustentar seu ritmo de crescimento.
As empresas brasileiras enfrentam uma carga tributária excessiva, convivem com escassez de crédito e gargalos na infra-estrutura. Dificilmente o país crescerá a longo prazo sem que sejam criadas condições para a redução da taxa de juros, cronicamente elevada, e instrumentos financeiros adequados para permitir a expansão dos investimentos.


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