São Paulo, segunda-feira, 03 de outubro de 2011

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VINICIUS MOTA

Avalanche governista

SÃO PAULO - A calmaria política em torno do Palácio do Planalto contrasta com a agonia de 90 dias atrás. Com uma crise ministerial atrás da outra, e as verbas para congressistas sob jejum, proliferavam, no PT inclusive, prognósticos pessimistas da gestão Rousseff.
A debilidade da presidente nas tarefas da política era dada como problema incontornável. As especulações sobre o retorno de Lula nas eleições de 2014, estimuladas pelo próprio ex-presidente, estavam no auge.
Agora tudo refluiu -e daí vem a regra geral do cacife da presidente: o "dilmômetro" é inversamente proporcional ao "lulômetro".
Os determinantes da mudança já estavam em curso no auge da agitação contra Dilma, indício de que tudo se resumia a atritos de superfície. Na economia e na política, vetores indicavam o fortalecimento, estrondoso, do governismo.
Se a alta do PIB passa por uma moderação, o ciclo de investimentos na economia é duradouro o suficiente para manter o desemprego baixo até meados da década.
Por mais trapalhadas que a equipe econômica faça, e tem abusado disso, é alta a probabilidade de o Brasil, mais uma vez, ver-se beneficiado "por contraste", diante de um mundo rico que não cresce e não voltará a crescer tão cedo.
A arrecadação de impostos federais também bonificou o Planalto. O contribuinte desfez o impasse entre as demandas de liberação de emendas para a base e a necessidade do governo de poupar o mínimo para controlar a macroeconomia.
Por fim, a criação do PSD de Kassab é uma bênção para Dilma. Além de enfraquecer ainda mais a oposição, a iniciativa aumenta a oferta de adesão ao Planalto no Congresso. A concorrência vai diminuir os preços cobrados pelo arco fisiológico liderado pelo PMDB.
Tudo somado, ficou mais difícil tirar do PT o poder federal em 2014 -e de Dilma a primazia da candidatura.

vinimota@uol.com.br


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