São Paulo, quinta-feira, 03 de novembro de 2011

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RICARDO MELO

Sírio-Libanês para todos

SÃO PAULO - Entre os que acusam Lula de falar uma coisa e de fazer outra ao tratar o câncer no hospital Sírio-Libanês, existe uma parcela imensa que simplesmente destila ódios partidários, preconceitos ideológicos e ressentimentos pessoais.
Não houve pesquisa a respeito, até porque essa turma adora a sombra do anonimato. Caso tivesse acontecido, provavelmente veríamos que a grande maioria está bem de vida. No íntimo, protestam por considerar Lula representante daquela gente diferenciada destinada a definhar em macas ao relento, longe do conforto de quartos individuais.
Mas há também quem, de forma sincera, embora confusa, externe uma frustração legítima. Muitos são eleitores que, ao votar no PT e conduzir um metalúrgico à Presidência, esperavam mudanças radicais após anos de descaso de gestões tucanas e assemelhadas diante da tragédia da saúde pública. Como qualquer cidadão civilizado, torcem pela recuperação de Lula, adoram que o ex-presidente seja bem tratado, mas se incomodam quando outros tantos são privados das mesmas atenções.
Cabe separar o joio do trigo no meio do barulho midiático criado pela doença de Lula. O momento, até o internacional, é oportuno para se diferenciar. No mundo inteiro, observa-se a regressão generalizada quando se fala em direitos sociais. A vítima da vez é a Grécia, que, sinal dos tempos ou não, de berço da civilização foi transformada pela banca mundial em cemitério de esperanças.
O governo Dilma pode muito bem aproveitar a ocasião e decidir pelo aumento ousado das verbas para a saúde, em vez de ficar em picuinhas com o Congresso em torno da emenda 29. Seria uma boa inauguração para um mandato até agora recordista apenas em ministros ejetados.
De quebra, a presidente avisaria aos navegantes que a meta de seu governo não é mandar um Lula para o SUS atual, mas levar o povo para o Sírio-Libanês. Ou não.

 

Espero voltar em dezembro, após um breve período de férias.


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