São Paulo, sábado, 04 de janeiro de 2003

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IRRESPONSABILIDADE

Os dois políticos que, no ano passado, ocuparam o cargo de governador do Estado do Rio de Janeiro ofereceram aos cidadãos um mau exemplo de comportamento público. Anthony Garotinho (PSB) e Benedita da Silva (PT) foram eleitos governador e vice-governadora em 1998. Seus partidos se desentenderam no segundo ano da gestão e, a partir de então, deram início a uma troca de acusações de baixo nível.
Infelizmente a razia entre o petismo e pessebismo fluminense não se resumiu a atos de descortesia. Por trás dos ataques mútuos jaz a grave acusação de gestão desastrosa das finanças do governo. Nem bem assumiu o cargo, na quarta-feira, Rosinha Matheus (mulher de Garotinho) afirmou que a administração que a antecedeu "quebrou" o Estado. De fato, o Banco do Brasil confirmou que Benedita da Silva não saldou parcelas da dívida do Estado com a União que venceram em dezembro.
Por seu turno, desde que assumiram interinamente o governo, em abril de 2002, os petistas acusam Garotinho de ter deixado em frangalhos a finança do Estado.
Para além do bate-boca, o fato é que o Rio está inadimplente com a União e corre o risco de ser impedido provisoriamente de contar com recursos do ICMS. O 13º salário dos servidores está atrasado e o ordenado de dezembro também pode não ser pago em dia. Rosinha pressiona o governo federal, a fim de obter auxílio para equacionar a situação.
A penúria financeira do Rio não é obra do sobrenatural. Foi produzida, na melhor das hipóteses, pela incompetência administrativa de políticos que precisam ser responsabilizados por suas faltas. Mas, sob a suspeita de terem conduzido à ruína as contas públicas do Estado, Anthony Garotinho mereceu um endosso popular nas urnas -através da eleição da mulher- e Benedita da Silva recebeu de Lula um ministério.
Talvez esteja aí uma prova de que a ética da responsabilidade fiscal ainda não produziu, na população e na esfera máxima do poder político brasileiro, os efeitos desejados.



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