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O PROJETO MILITAR
O anúncio de que foi suspensa
até o próximo ano a licitação
para a compra de caças para a FAB
(Força Aérea Brasileira) comporta
várias leituras. Oficialmente, o adiamento se deve à necessidade de concentrar recursos para o combate à fome, a prioridade do governo de Luiz
Inácio Lula da Silva. Os custos da
aquisição de 12 jatos haviam sido estimados em US$ 760 milhões.
Mas ninguém deve achar que a suspensão da concorrência liberará imediatamente o dinheiro para programas sociais. Compras de aviões se
dão através de financiamentos de
longo prazo, normalmente bancados pelo país que produz os aparelhos. De todo modo, ao adiar a licitação, o governo deixa de contrair dívida em dólar e indica que está disposto a atuar com disciplina fiscal. São
sinalizações importantes num momento delicado como o atual.
Do ponto de vista das Forças Armadas, a questão é um pouco mais
complexa. Ninguém duvida da necessidade da FAB de obter novos caças. Os atuais Mirage estão obsoletos
e só são operacionais até 2005.
O problema é que, antes de definir
o tipo de equipamento a ser adquirido, convém que a Aeronáutica e, de
modo mais geral, as Forças Armadas
tenham mais claro o papel que vão
desempenhar. Qual é a prioridade da
FAB? Os caças servirão apenas para
interceptar aeronaves envolvidas em
contrabando ou tráfico de drogas ou
terão outras missões, como apoio a
operações terrestres e marítimas?
São questões que a Aeronáutica e as
demais Forças Armadas precisam
responder em conjunto com o governo e a sociedade. Não parece fazer
muito sentido o Exército adquirir
quase 200 modernos tanques pesados e, pouco meses depois, dispensar recrutas por falta de verbas.
O governo FHC deu o primeiro
passo para a definição de um projeto
unitário para as Forças Armadas
com a criação do Ministério da Defesa, no lugar das três pastas militares.
Cabe à administração Lula consolidar essa importante tarefa.
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