São Paulo, sábado, 04 de janeiro de 2003

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LUCIANO MENDES DE ALMEIDA

Caminhos novos

A data de 1º de janeiro de 2003 permanecerá em nossa história como um dia de muita esperança para nosso povo.
A acolhida do presidente Luiz Inácio e dos novos governantes transformou-se numa surpreendente festa nacional. Em Brasília, 250 mil pessoas ocupavam a Esplanada e as ruas. Bandeiras e flores. Vibração patriótica e cenas comoventes. Gente que veio de longe e viajou dias para estar ali.
As autoridades de outras nações terão ficado impressionadas com o clima ordeiro e com a contagiante alegria que a multidão em Brasília manifestava. É certo que não podemos esquecer a grave situação internacional e os problemas que afligem o Brasil. Existe, no entanto, intenso anseio de mudanças e vontade de cooperar para que aconteçam de modo pacífico e eficaz.
Nos diferentes Estados, houve mais participação do que em anos precedentes e, em todo o país, acompanhou-se pela televisão o que sucedia na capital. Notável foi a cordialidade que marcou a transmissão dos cargos, aludindo com reconhecimento aos serviços prestados no quadriênio precedente e ao empenho em facilitar o processo de transição. Esse mérito enaltece a pessoa do presidente Fernando Henrique e de seus colaboradores.
É cedo para que os analistas possam avaliar, de modo objetivo, os aspectos positivos e negativos dos anos anteriores. Temos de constatar, no entanto, a vivência mais consciente da cidadania pelo interesse e atuação durante a campanha eleitoral, os dias de votação e o início do novo governo.
Num ambiente de respeito mútuo e de moderação, vimos nosso povo crescer na expectativa de políticas sociais que corrijam os excessos da globalização excludente e as desigualdades profundas e que garantam condições dignas para todos os brasileiros. Aguardávamos a palavra do presidente Luiz Inácio no Congresso Nacional. O pronunciamento de posse, entrecortado de aplausos, abriu horizonte para as mudanças necessárias e fortaleceu a esperança de realizar os programas anunciados no período eleitoral.
Entre os pontos fortes permito-me sublinhar o combate à fome. "Convoco meu povo para um mutirão nacional contra a fome", insistindo na solidariedade humana que não pode padecer que um irmão ou irmã fique sem alimento. Afirmou ainda a urgência de assegurar trabalho e distribuição de renda. "Criar emprego será minha obsessão." Alia-se a isso a necessidade de reforma agrária pacífica e planejada sem afetar as terras produtivas, o incremento à agricultura familiar e ao cooperativismo. Defendeu as reformas tributária, da Previdência, política e da legislação trabalhista, a ética no serviço público, o combate à corrupção e o empenho na segurança pública
Não esqueceu a política externa, com especial atenção à América do Sul e ao continente africano, ao qual estamos unidos por laços profundos. As mudanças preconizadas requerem, no entanto, união de esforços e hão de se dar "com coragem e cuidado, humildade e ousadia, sem atropelos e com base no diálogo e pela negociação".
Fiquei feliz ao constatar que, para o presidente, a esperança e o otimismo têm por base não só a solidariedade que deve existir entre todos os brasileiros mas o recurso confiante a Deus. Façamos todos nós a prece, pedindo a Deus que ilumine nossos governantes e lhes conceda "sabedoria, discernimento, serenidade e coragem". Abençoe a nós também para vencermos os desafios e servirmos à causa da justiça e da paz. Feliz o povo que aprende a confiar em Deus.


Dom Luciano Mendes de Almeida escreve aos sábados nesta coluna.


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