São Paulo, domingo, 04 de janeiro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ELIANE CANTANHÊDE

Ano novo, vida nova

BRASÍLIA - Passado 2003, passadas as festas de Natal e Ano Novo, cá estamos nós imaginando o que será do governo Lula e do país em 2004.
Em 2003, tudo pareceu muito igual e/ou muito devagar, mas havia a desculpa da "herança maldita", do "Orçamento tucano", da imprevisibilidade americana, da inexperiência do presidente e dos ministros.
Então, lá fomos nós navegar nos juros, num novo acordo com o FMI e num superávit terrível para investimentos, mas excelente como pretexto para o governo. Nada pôde justificar tão bem a paradeira da área social e a falta de um programa espetacular (para usar um termo dos novos tempos) para transportes, por exemplo.
Segundo a Folha de quarta-feira passada, 31/12, o governo Lula investiu no seu primeiro ano menos de um terço do total gasto pelo governo FHC no último ano tucano. Foram R$ 3 bi em 2003, contra R$ 10,1 bi em 2002. "O ajuste orçamentário foi em cima dos investimentos", explicou Guido Mantega (Planejamento).
Passado o primeiro ano, passadas as festas, acabou-se a brincadeira, acabaram-se os pretextos. Agora, o jogo é para valer. Lula, Palocci, Dirceu e os ministros da infra-estrutura e da área social não nos venham mais com as desculpas de 2003. Ou façam e invistam, ou arranjem desculpas novas.
"Herança maldita" não vale mais. O Orçamento de 2004 não é mais deixado por FHC, é legítima peça de Mantega e do governo PT. As incertezas quanto à economia americana já não assombram tanto quanto antes. Há previsão de crescimento nos EUA, na Europa, no Japão e até -imagine!- na América Latina.
O governo não está mais começando, o PT não é mais bicho-papão para elites e mercados, as condições internacionais são favoráveis. Os ministros já aprenderam o que podiam, as equipes já estão testadas, o Orçamento é da lavra petista.
O que se espera é, portanto, eficiência, resultados e perspectivas alvissareiras, sem espetáculos, mas devagar e sempre. Como alguém já disse, a esperança é a última que morre.



Texto Anterior: São Paulo - Clóvis Rossi: Farinha do mesmo saco
Próximo Texto: Rio de Janeiro - Carlos Heitor Cony: Túnel no fim da luz
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.