 São Paulo, domingo, 04 de janeiro de 2004 |
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PAINEL DO LEITOR Balanço "O primeiro ano do governo Lula foi marcado por um continuísmo econômico e político -exceto nas relações exteriores, que foram altivas e até certo ponto construtivas, como na negociação da Alca e nas medidas de retaliação aos norte-americanos devido à questão do tratamento dado aos turistas brasileiros nos EUA. Há, no entanto, um anacronismo em relação à política interna. Os constantes escândalos públicos envolvendo os Três Poderes e o alastramento da criminalidade são mostras da ineficácia da administração pública, cujo comprometimento social é frequentemente posto em dúvida devido à impunidade. É preciso moralizar o nosso país -e em especial o Poder Judiciário- antes de pensarmos em dar exemplo de política externa ao mundo. Afinal, nossos juízes não devem servir só para barrar os gringos, não é?" Eduardo S. Rodrigues (São Paulo, SP)  "Não posso deixar de concordar com o leitor Marcos Doniseti Vicente ("Avanços", "Painel do Leitor", pág. A3, 2/1) quando diz que houve avanços no Brasil em 2003; com certeza houve. Devemos porém, diferentemente do que afirma o leitor, agradecer ao governo Fernando Henrique Cardoso por preparar o terreno para este governo trabalhar. Este governo, contrariando o que sempre disse, está seguindo o manual do governo anterior. Como afirmou sabiamente o governador Aécio Neves (em entrevista na mesma edição da Folha), o PT está evoluindo. Está aprendendo! Devemos erguer, sim, uma estátua do Pedro Malan e esperar em Deus que este governo não estrague o que o anterior, apesar de o PT atrapalhar tanto, conseguiu fazer." Therezinha de Jesus Lima e Oliveira (São José dos Campos, SP) Reciprocidade diplomática "Estão de parabéns o promotor e o juiz federal Julier Sebastião da Silva pela brilhante decisão de aplicarem o princípio da reciprocidade aos cidadãos norte-americanos que ingressam no Brasil. Esses senhores demonstram, com tal decisão, que nem todos os brasileiros se tornaram "vaquinhas de presépio". Merecem, com certeza, ter suas faces estampadas em bustos em Brasília em frente ao prédio do Itamaraty." Delmon João Silva (Florianópolis, SC) "Vergonhosa, xenófoba e vingativa a atitude do juiz Julier Sebastião da Silva de expor os cidadãos americanos que chegam ao país à humilhação de serem fotografados e terem suas digitais recolhidas. O juiz parece ignorar (e, como alguém que deveria exercer a Justiça, ele não tem esse direito) que, ao adotar a medida em relação aos brasileiros, os EUA tiveram a preocupação de precaver-se contra riscos de terrorismo idêntico ao que sofreram em 11 de setembro de 2001. A recíproca por parte do país sul-americano surge apenas como uma nítida demonstração de revanchismo e vingança oriunda de um magistrado que, apesar de exercer a jurisprudência, nitidamente não avaliou todos os lados da questão antes de adotar seu gesto. O presidente Lula, ao assumir, disse que seu governo não iria adotar o antiamericanismo. Que prove isso, recorrendo da sentença." Carlos da Silva (São Paulo, SP) Mistério "Não entendo mesmo a classe política brasileira. Leio muito na Folha que a situação e a oposição brigam constantemente -seja nos projetos, seja nas reformas- por cargos, ministérios etc. Não li nada, todavia, muito menos da oposição, acerca da convocação extraordinária do Congresso e do pagamento de dois salários extras em janeiro -creio que para todos (senadores e deputados). Posso saber por quê?" Addy Félix de Carvalho (São Paulo, SP) Maioridade penal "Infelizmente, a reportagem que informou sobre os dados da Secretaria da Segurança Pública de São Paulo -dando conta de que apenas em 1% dos assassinatos ocorridos no Estado há participação de jovens menores de 18 anos- foi publicada em um dia de menor leitura do jornal ("Menor participa de 1% dos homicídios em SP", Cotidiano, pág. C1, 1º/1). Sua divulgação deveria ser a mais ampla possível, pois é didática. Sobretudo para aqueles que, movidos por emoções instantâneas e pela mídia televisiva dos finais de tarde, engordam as pesquisas de opinião a favor da pena de morte e da redução da maioridade penal." Rui Marin Daher (São Paulo, SP) Véu religioso "Não sou muçulmano e não tenho procuração para defender o islã. No entanto a discussão sobre o véu que as mulheres muçulmanas usam é bastante ilustrativa do quão nós, ocidentais, somos intolerantes com a cultura alheia. Estamos sempre tentando impor o nosso ponto de vista aos nossos irmãos orientais em nome de um suposto "bem" emanado dos ditames do Ocidente. Essa ingerência vem ceifando vidas aos milhões no decorrer da história, e os atuais conflitos no Oriente Médio mostram que pouca coisa mudou. Por fim, acho perigoso afirmar que as muçulmanas ficarão mais felizes ou independentes se deixarem de usar o véu. Esse episódio abre um precedente para questionarmos amanhã, com mais veemência, dogmas de outras religiões, como a católica -o celibato, por exemplo, não é um tipo de violência?" Vagner Correa (São Bernardo do Campo, SP) Poliana "No dia 31/12, Washington Olivetto escreveu artigo na seção "Tendências/Debates" ("Pode me chamar de Poliana", pág. A3) e cometeu alguns pecados ou esquecimentos. O primeiro foi o fato de não citar o melhor filme do ano de 2003: "Cidade de Deus". Outro pecado foi ter esquecido da trilogia fenomenal sobre a ditadura escrita por Elio Gaspari." Marcos Barbosa (Casa Branca, SP) Infeliz aniversário "Festeja a cidade de São Paulo seu aniversário de 450 anos, porém as condições de habitabilidade nunca se decompuseram tanto como na última década com a favelização, com o aumento da miséria, de pedintes e de desempregados e com as constantes ameaças de corte de energia e de água. Além disso, o embelezamento da cidade fica comprometido com prédios levantados nos quatro quantos. Temos também calçadas esburacadas, muitas das quais sujas pelos detritos de cães, árvores que tombam com a menor chuva e uma dezena de tantos problemas em relação aos quais as autoridades fazem vista grossa. Oxalá o dia 25 próximo seja o do despertar de uma consciência de política pública para que a pujante São Paulo de todos nós comece a ser tratada, valorizada e preservada como merece, sob pena de implodir rapidamente pelo caos do trânsito, da violência e dos conflitos sociais incontáveis." Yvette Kfouri Abrão (São Paulo, SP) Boas-festas A Folha agradece e retribui os votos de boas-festas recebidos de: Intergrafica Print & Pack Máquinas Impressoras Ltda. (São Paulo, SP); Abramet - Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (São Paulo, SP); Jandira Feghali, deputada federal pelo PCdoB-RJ (Brasília, DF); Paulo Ramos, deputado estadual pelo PDT-RJ (Rio de Janeiro, RJ); Associação de Assistência a Cego Santa Paulina (São Paulo, SP); RioBranco Distribuidora (São Paulo, SP). Texto Anterior: Marco Antonio Villa: O sertão do abandono Próximo Texto: Erramos Índice |
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