São Paulo, segunda, 4 de janeiro de 1999

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

QUANTO MAIS QUENTE, PIOR

O ano de 1998 se encerra com um recorde indesejável para o planeta: registrou a mais alta temperatura média global desde que começaram as medições sistemáticas, em 1860. Os dez anos mais quentes nessa série ocorreram todos depois de 1983. Sete deles, na atual década.
Negar que a atmosfera terrestre se encontra em processo de aquecimento, assim, tornou-se ocioso. O planeta esquenta como um viveiro de plantas, em que a energia do Sol penetra pelas vidraças, mas por elas é impedida de escapar, na forma de calor. O chamado efeito estufa está em curso; resta por discutir só o que se pode e deve fazer para enfrentá-lo.
O papel de vidraças na estufa planetária é desempenhado por gases como o carbônico (CO2), produzido pela queima de combustíveis fósseis. Como a concentração de CO2 também está crescendo, cientistas do Painel Intergovernamental de Mudança Climática (IPCC) identificam a atividade humana como a mais provável causa do aquecimento.
Subsistem incertezas, no entanto, dada a complexidade do clima mundial. Não se conhece com precisão qual a contribuição efetiva da espécie humana para o aquecimento, na comparação com causas naturais.
Mais difícil ainda, para os pesquisadores, mostra-se predizer quais as sequelas climáticas do efeito estufa. Prevê-se elevação do nível dos mares em mais de 50 centímetros, bem como aumento da frequência e da gravidade de tempestades e secas.
Há seis anos, na Eco-92, os governos resolveram não aguardar indefinidamente pela certeza científica total. Decidiram agir com base no princípio da precaução: é mais econômico prevenir do que remediar.
Dessa resolução nasceu a Convenção sobre Mudança Climática, detalhada em várias conferências. A mais recente aconteceu em novembro, sem avanços palpáveis. Ainda não se sabia do novo recorde de temperatura, um incentivo a que governos redobrem esforços para legar um planeta habitável a futuras gerações.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.