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O Brasil vai mal, muito mal
FERNANDO RODRIGUES
Brasília - Está péssima a imagem do
Brasil entre os investidores estrangeiros. A prova é o preço pago pelos papéis brasileiros em Nova York.
O exemplo mais gritante é o título
do governo federal do Brasil conhecido como Global ou Rep 27 -"Rep" de
República. Trata-se de um papel lançado em 97, com prazo de 30 anos.
O Rep 27 não é pouca coisa. É garantido pelo governo do Brasil. Paga
10,125% de juros por ano, em dólar. É
uma ótima aplicação (se o Brasil não
falir), pois o juro anual nos EUA está
em torno de 5%.
Países cucarachas como o Brasil
emitiram papéis similares. A Argentina tem um título com nome idêntico,
Rep 27. O México lançou o seu em
1996, o UMS 26.
Agora, a realidade.
Há um ano, em 31 de dezembro de
97, era possível adquirir um Rep 27 da
Argentina por 99,20% do seu valor de
face. O do Brasil custava 95,30% do
valor impresso. No caso do México,
havia ágio: especuladores pagavam
até 105,75% do valor.
Ou seja, há um ano a situação era
mais ou menos parecida para Argentina, Brasil e México. Com uma leve
desvantagem para o Brasil.
Hoje, tudo mudou.
Em 31 de dezembro de 98, na quinta-feira passada, o título do México
estava sendo vendido em Nova York
com um ágio ainda maior do que há
um ano: 107% do valor de face.
No caso da Argentina, houve uma
queda razoável na cotação do seu papel mais nobre. O Rep 27 argentino
era vendido a 90,25% do seu valor.
Para o Brasil, uma catástrofe. O Rep
27 lançado pelo governo FHC despencou para apenas 68% do seu valor.
Em resumo: enquanto o papel do
México teve a cotação elevada e o da
Argentina caiu pouco, o brasileiro entrou em queda livre em 98 -apesar
da reeleição de FHC e do minipacote
fiscal de Pedro Malan.
Ainda assim, resta uma esperança.
Tudo isso aconteceu antes do animadíssimo discurso de posse de FHC.
Quem sabe agora os especuladores
mudem de opinião sobre o Brasil.
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