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São Paulo, terça-feira, 04 de fevereiro de 2003

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O BNDES E AS ELÉTRICAS

O debate em torno do BNDES no resgate ou não de empresas em dificuldades parece desfocado. A aversão ao risco dos investidores estrangeiros associada com a desvalorização cambial e a retração da economia vai gerando a inadimplência de várias empresas. Nesse contexto, a intervenção do banco se torna quase que compulsória, uma vez que não se pode permitir a falência de uma distribuidora de energia que presta serviço para milhões de habitantes e inúmeras empresas.
As empresas do setor elétrico se endividaram em dólar para comprar ativos que geram receitas em reais. Esse descasamento de moedas é um dos problemas que precisa ser desmontado, necessariamente com a intervenção do BNDES, procurando alongar o perfil do endividamento das empresas e/ou reduzir o volume de dívidas em moeda estrangeira.
Assim, o BNDES é forçado a realizar a operação de resgate das corporações. Porém, ao fazê-lo, compromete recursos que poderiam ser utilizados em novos investimentos na infra-estrutura do país. Há, portanto, que procurar reestruturar as empresas em dificuldade, mas também viabilizar recursos em reais para financiar o investimento doméstico.
O presidente da Gradiente, Eugênio Staub, defendeu, em entrevista a esta Folha, que os recursos para resgate das empresas deveriam ser obtidos no mercado de capitais, inclusive com o uso do FGTS. A expansão do mercado de capitais é bem-vinda, mas não se deveria jogar nas contas do FGTS empresas com problemas financeiros. Operações com esse perfil de risco podem dificultar ainda mais a recuperação da confiança e a pulverização do nosso pequeno e frágil mercado de capitais.
O importante em toda essa discussão parece ser o restabelecimento das condições para a redução persistente da taxa de juros doméstica, a fim de viabilizar um ambiente mais propício ao investimento e ao financiamento em moeda nacional. Os bancos privados devem cumprir um papel relevante nesse processo, reduzindo os "spreads" exorbitantes.


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