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O BNDES E AS ELÉTRICAS
O debate em torno do BNDES
no resgate ou não de empresas
em dificuldades parece desfocado. A
aversão ao risco dos investidores estrangeiros associada com a desvalorização cambial e a retração da economia vai gerando a inadimplência
de várias empresas. Nesse contexto,
a intervenção do banco se torna quase que compulsória, uma vez que
não se pode permitir a falência de
uma distribuidora de energia que
presta serviço para milhões de habitantes e inúmeras empresas.
As empresas do setor elétrico se endividaram em dólar para comprar
ativos que geram receitas em reais.
Esse descasamento de moedas é um
dos problemas que precisa ser desmontado, necessariamente com a intervenção do BNDES, procurando
alongar o perfil do endividamento
das empresas e/ou reduzir o volume
de dívidas em moeda estrangeira.
Assim, o BNDES é forçado a realizar a operação de resgate das corporações. Porém, ao fazê-lo, compromete recursos que poderiam ser utilizados em novos investimentos na infra-estrutura do país. Há, portanto,
que procurar reestruturar as empresas em dificuldade, mas também viabilizar recursos em reais para financiar o investimento doméstico.
O presidente da Gradiente, Eugênio Staub, defendeu, em entrevista a
esta Folha, que os recursos para resgate das empresas deveriam ser obtidos no mercado de capitais, inclusive
com o uso do FGTS. A expansão do
mercado de capitais é bem-vinda,
mas não se deveria jogar nas contas
do FGTS empresas com problemas
financeiros. Operações com esse
perfil de risco podem dificultar ainda
mais a recuperação da confiança e a
pulverização do nosso pequeno e frágil mercado de capitais.
O importante em toda essa discussão parece ser o restabelecimento
das condições para a redução persistente da taxa de juros doméstica, a
fim de viabilizar um ambiente mais
propício ao investimento e ao financiamento em moeda nacional. Os
bancos privados devem cumprir um
papel relevante nesse processo, reduzindo os "spreads" exorbitantes.
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