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TODOS EMPOSSADOS
Completou-se o ritual de posse dos políticos eleitos em outubro do ano passado. No plano federal, a investidura de 54 senadores e
de 513 deputados, que ocorreu no sábado, começou a definir os termos
em que se dará a governabilidade da
gestão Luiz Inácio Lula da Silva. Faltam agora as definições sobre a
agenda legislativa propriamente dita
do novo Poder Executivo.
O resultado das articulações recentes do governismo aponta para a dissolução do problema da formação de
maiorias. O troca-troca de legendas
(prática que avilta o sistema representativo) carreou dezenas de parlamentares para partidos que dão
apoio formal a Lula. Além disso, foram eleitos para as presidências da
Câmara e do Senado, respectivamente, um político da ala moderada do
PT -João Paulo Cunha- e um senador que apoiou a chapa de Lula
desde o primeiro turno da campanha
presidencial -José Sarney.
Apesar de a base governista de Lula
ser formalmente menor do que a
conquistada por Fernando Henrique
Cardoso, as recentes articulações do
PT com o PMDB, a dificuldade do
PFL de seguir uma trilha autenticamente oposicionista e a adoção, pelo
governo Lula, de um discurso reformista à moda de FHC são fatores a
minimizar os obstáculos para a obtenção de maiorias parlamentares,
inclusive as requeridas para aprovar
emendas constitucionais. A variável
que pode ameaçar a ação legislativa
do novo governo é o tempo. Se demorar demais para apresentar seus
projetos prioritários ao Congresso,
Lula poderá desperdiçar o seu grande cacife inicial de popularidade.
A disposição do presidente de submeter os temas de reforma primeiro
ao Conselho de Desenvolvimento
Econômico e Social para depois levar
as propostas ao Parlamento, portanto, não é apenas uma ameaça de
pressão indevida sobre os trabalhos
do Legislativo. Também pode tornar-se um fator a atravancar o pleno
usufruto da alta popularidade de Lula para aprovar as reformas.
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