RIO DE JANEIRO - Ontem foi dia de São Brás, epíscopo e mártir dos primeiros anos do cristianismo. Não tenho certeza, mas atribuem a ele o milagre de ter tirado um osso de galinha da garganta de um menino que estava sufocado, daí que, para os séculos seguintes, ficou como protetor dos males da garganta ("a malo guteris") e de suas complicações.
Nos últimos anos, sempre lembro esta data e invoco este santo, cuja eficiência nunca foi posta em dúvida e cuja oportunidade continua em alta. Antigamente, o sujeito estava comendo em casa ou no restaurante, levantava-se da mesa roxo, apoplético, os olhos esbugalhados, querendo respirar e não podendo.
Vinha então em seu auxílio um entendido no assunto, invocava são Brás e dava um murro nas costas do sufocado, que voltava a respirar, fosse pela eficácia do santo ou pela eficácia da porrada.
As duas coisas não podiam estar separadas. Não adiantava o santo sem a porrada nem a porrada sem o santo. Daí que são Brás merece ser lembrado em tempo de sufocações outras, como as que atravessamos neste início de ano, de século, de milênio e de governo.
Temos uma espécie de são Brás miraculoso na figura de Lula, bom sujeito em todos os sentidos, gosto dele desde criancinha, e o povão também gosta dele e o invoca para se livrar de suas muitas sufocações.
Acontece que a simples invocação de Lula não basta. É preciso que venha acompanhado de alguma porrada -a ala radical do PT exige esta porrada, recusando o governo demasiadamente "light" que ameaça se prolongar.
Ficamos sem oposição, ou pior, o PFL ameaça oposição -o que é um absurdo. Quando se deseja remeter qualquer coisa ou assunto para o nada, repete-se a metáfora: nem que a vaca tussa.
A vaca está tossindo. E são Brás está aí para isso mesmo, para nos livrar de tanta sufocação.


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