|
Próximo Texto | Índice
ATOS E PALAVRAS
O ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, veio a público ontem na tentativa de amainar as
turbulências do mercado financeiro
causadas pelo conteúdo da ata da última reunião do Comitê de Política
Monetária do Banco Central (Copom) e pelas suspeitas de que o Fed
(banco central dos EUA) pudesse
voltar a subir os juros -hoje em 1%
ao ano- mais rápido do que o previsto.
No que se refere ao BC, a desastrada decisão de interromper a trajetória
de queda dos juros, trazendo à cena o
fantasma da volta da inflação, desorganizou as expectativas e colocou em
dúvida as perspectivas de crescimento para 2004. No tocante às especulações sobre os passos do Fed, embora
analistas considerem provável que os
juros continuem baixos até os últimos meses do ano, a reação dos investidores deixou claro o quanto pode ser arriscado apostar em fluxos de
capitais financeiros incentivados por
ciclos de liquidez internacional.
É verdade que essas ocasiões precisam ser aproveitadas naquilo que
oferecem de positivo, mas sem ilusões. O sinal emitido nos últimos
dias foi claro no sentido da necessidade de o país investir nos alicerces
da economia real. É o foco na produção, na melhoria da infra-estrutura,
no investimento e no emprego, bem
como a consolidação de superávits
comerciais e o aumento das reservas
em divisas, o que poderá assegurar
dias melhores ao país.
Por mais que o ministro queira sofismar, afirmando que, para crescer
não basta reduzir os juros, não há nenhuma dúvida de que esse é um requisito imprescindível. A persistência das taxas nos atuais patamares é
uma anomalia, uma evidência de desequilíbrio, uma barreira à passagem
da lógica financista que tem tomado
conta da economia brasileira para
uma outra, baseada no imperativo
do crescimento, da inclusão e da distribuição de renda.
O ministro Palocci ajudou a acalmar os ânimos do mercado, mas será preciso mais. É de esperar que
suas declarações sobre o início, em
2004, de um "ciclo histórico de crescimento" não sejam um arroubo retórico, mas um objetivo a ser perseguido com atos -e não apenas com
palavras sensatas
Próximo Texto: Editoriais: CONTROLE E AGILIDADE Índice
|