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BOA NOTÍCIA
N uma rara boa notícia que
vem do Oriente Médio, o premiê israelense, Ariel Sharon, disse
que pretende acabar com os assentamentos judaicos na faixa de Gaza.
Trata-se de um primeiro passo, ainda tímido, mas importante para a
paz na região. É também uma atitude corajosa do premiê, pois a medida
poderá levar ao rompimento da coalizão que sustenta seu governo.
O efeito da descolonização de Gaza
é principalmente simbólico. Lá existem apenas cerca de 7.500 residentes
judeus, contra os mais de 220 mil que
vivem em assentamentos na Cisjordânia. Uma eventual desocupação de
Gaza, embora não baste para estabelecer a paz entre israelenses e palestinos, poderia mostrar-se um sólido
ponto de partida para um entendimento mais amplo. A base da negociação entre os dois lados segue sendo a "terra pela paz", isto é, a retirada
dos colonos e das tropas israelenses
e a fundação de um Estado palestino
em troca do pleno reconhecimento
de Israel e do fim dos ataques contra
o Estado judeu.
A remoção dos assentamentos de
Gaza é especialmente difícil para
Sharon, pois ele foi um dos maiores
incentivadores de sua fundação nos
anos 70. O premiê, porém, vem recebendo intensas pressões dos EUA
para resolver a questão das colônias e
retomar o processo de paz. O risco
de rompimento da coalizão é real,
mas calculado. Partidos mais à direita podem de fato abandonar o governo, mas, nessa hipótese, são grandes
as chances de os trabalhistas (oposição de centro-esquerda) voltarem a
compor o gabinete.
O atual líder dos trabalhistas, Shimon Peres, já disse que apóia a remoção dos assentamentos de Gaza.
Descartou, pelo momento, uma volta à coalizão, mas não a excluiu num
futuro próximo, depois que o processo de retirada de fato começar.
Num contexto de sucessivos fracassos nas tentativas de retomar as
conversações de paz, o novo passo
de Sharon pode constituir-se no ingrediente que falta para reverter a deterioração do processo. No Oriente
Médio, todo ceticismo nunca é demais, mas também não convém renunciar a todas as esperanças.
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