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O ZERO DE CLINTON
Pela primeira vez em 30 anos, o
governo dos Estados Unidos apresenta uma proposta orçamentária
com previsão de déficit zero em 1999.
E o presidente Bill Clinton, que tem
sofrido acusações de ordem pessoal,
aproveita a oportunidade para colocar o foco em grandes questões nacionais e retomar, ainda que de modo um tanto oportunista, o mote de
sua primeira campanha presidencial:
"Putting People First" (colocar as
pessoas em primeiro lugar).
Apesar de amainada, ainda persiste
uma divergência ideológica importante entre democratas e republicanos. Embora as duas grandes forças
da política norte-americana tenham
colaborado nos últimos anos para reduzir os gastos públicos, as idéias
desses partidos tornam-se de novo
antagônicas quando se trata de decidir o que fazer com o superávit.
Para democratas, a previsão de superávit é uma oportunidade para propor mais gastos, em especial na área
social. Para republicanos, o equilíbrio orçamentário é frágil e, se o superávit ocorresse, o objetivo deveria
ser o corte de impostos.
A hipótese de superávit fiscal ainda
é, de fato, discutível. O orçamento
elaborado pela equipe de Clinton minimiza os efeitos da crise asiática sobre o crescimento econômico dos
EUA. A redução do déficit público,
entretanto, foi nos últimos anos resultado principalmente do crescimento vigoroso. Se este vier a sofrer
redução maior que a esperada, inviabilizará o sonho do superávit fiscal.
Outra fragilidade na hipótese de superávit é a previsão de aumento da
arrecadação de impostos, o qual depende do voto de um Congresso dominado pelos republicanos.
O presidente Clinton obviamente
inverteu a ordem dos fatores. O superávit é só uma hipótese mas, acenando com gastos sociais, ele tenta
mobilizar a opinião pública para a
aprovação de mais impostos. Os republicanos denunciam a manobra,
mas também não querem se tornar
impopulares e perder a maioria parlamentar. A disputa mal começou.
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