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REFLEXOS DA TORMENTA
O novo recorde de carnês em atraso, registrado em janeiro último pela
Associação Comercial de São Paulo,
é mais um indício da desaceleração
da economia. Mas se trata ainda de
um primeiro sinal, pois os dados se
referem a compras realizadas em setembro e outubro, quando o aperto
fiscal e de juros mal começava.
O fato é que parece não haver alternativa à política econômica em curso, ainda que o cenário seja angustiante. Os recordes de desemprego, o
subemprego, os saltos na inadimplência ou as notícias de falências e
de concordatas tornaram-se rotina.
Os números são eloquentes: 1,431
milhão de desempregados e subempregados na região metropolitana de
São Paulo no último mês de dezembro (recorde em um período no qual
normalmente há maior absorção de
mão-de-obra). Na comparação entre
o mês passado e janeiro de 1997 houve aumento de 94% no número de
carnês em atraso, de 33% nos pedidos de concordata e de 38% nos de
falência na capital paulista.
Os juros brasileiros, que hoje ficam
entre os mais altos do mundo, estão
entre as causas desse quadro. E também não há como esperar alento
quanto a investimentos públicos.
A crise asiática abalou a credibilidade de países com elevados déficits
externos, como o Brasil. Enquanto
essa incerteza não for reduzida, não
há espaço para diminuir significativamente as taxas de juros.
A necessidade de conter o déficit
público, cujo componente financeiro
é aliás impulsionado pela própria
política de juros, limita ainda mais as
iniciativas oficiais para a criação de
empregos. Sem uma retomada do
crescimento, o contrato temporário
de trabalho e outras medidas de flexibilização são apenas paliativos.
Apesar desse quadro ainda pouco
animador, pelo menos o cenário externo parece se desanuviar. As incertezas externas levaram o BC a dobrar
os juros em outubro último, mas a
recente melhora na Ásia, se persistir,
abrirá caminho para uma revisão
mais rápida das medidas recessivas.
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