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INVESTIGAÇÃO NO STJ
A repercussão da recente onda de suspeitas acerca do envolvimento de altas autoridades judiciárias com o crime vai quebrando
arraigadas resistências corporativas.
Anteontem o Superior Tribunal de
Justiça decidiu, por ampla maioria,
abrir processo administrativo contra
seu colega ministro Vicente Leal. No
mesmo ato, e por unanimidade, determinaram o afastamento do ministro até o fim da apuração.
A reação da segunda mais alta casa
do Judiciário brasileiro começou em
meados de dezembro do ano passado. O STJ, pela primeira vez em sua
história, abriu sindicância para investigar suspeitas que recaíam sobre
um membro de seu colegiado. O nome do ministro em questão aparecia,
junto de outros integrantes do Judiciário federal e do então deputado federal Pinheiro Landim (CE), que veio
a renunciar, em gravações judicialmente autorizadas feitas pela Polícia
Federal, em investigação acerca de
um esquema de venda de habeas corpus para o crime organizado.
Também agiu com firmeza o Tribunal Regional Federal da 1ª Região
ao afastar um casal de desembargadores cujos nomes aparecem na
mesma investigação e cujo filho trabalhava no gabinete de Landim.
Todos os magistrados sobre os
quais recaem suspeitas de envolvimento no esquema criminoso se dizem inocentes. A reação da cúpula
do Poder Judiciário, no entanto, não
deve ser entendida como uma declaração expressa de culpa dessas pessoas. Mesmo afastados de suas funções, os três juízes preservam amplas
condições de defesa.
Órgãos como o STJ e o Tribunal Federal da 1ª Região dariam um péssimo exemplo se agissem de outra forma, esgueirando-se de suas responsabilidades. Essa vitória sobre tendências corporativistas é digna de
nota e mostra que nem tudo está perdido na luta pelo soerguimento do
Estado brasileiro como agente capaz
de garantir a punição de criminosos,
mesmo quando eles se infiltram na
própria máquina pública.
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