São Paulo, terça-feira, 04 de abril de 2006 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CLÓVIS ROSSI Decoro de republiqueta
SÃO PAULO - Erra a oposição ao escolher o ministro da Justiça, Márcio
Thomaz Bastos, como novo alvo preferencial. Não que ele não mereça,
mas é óbvio que o presidente da República merece muito mais.
Vinicius Torres Freire provou-o ontem, neste mesmo espaço, com o brilho habitual e uma inusual cordura.
Citou até os artigos da Constituição
nos quais basear um processo de impeachment. Impecável.
Impeachment é um processo político em que o crime fundamental é falta de decoro para o exercício do cargo, o crime pelo qual Fernando Collor foi defenestrado.
Não se trata, portanto, de provar
cientificamente que Lula sabia das
malfeitorias que se praticam em seu
entorno. Basta lembrar pelo menos
dois episódios, a saber:
1 - Lula disse, no "Fantástico", que
o PT estava desmoralizado. Não obstante, deu-se ao desfrute de confraternizar com os desmoralizados. Se
isso não é falta de decoro e um tremendo mau exemplo, não há mais
decoro a esperar de ninguém.
2 - Lula demitiu Palocci pelo crime
de ter mandado violar o sigilo bancário do caseiro Francenildo. Não obstante, no discurso de despedida, chamou Palocci de "grande irmão". Irmão de delinqüente não tem culpa de
sê-lo. Mas quem faz questão se transformar em irmão político de delinqüente dá, de novo, mau exemplo e
comete inequívoca falta de decoro no
exercício do cargo. Mas, em republiqueta bananeira, falta de decoro costuma virar qualidade e esperteza.
|
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |