|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ELIANE CANTANHÊDE
Quércia em leilão
BRASÍLIA - Quem diria? Os anos passam, a roda gira e a política não pára
de surpreender, agora colocando o
PT e o PSDB numa disputa feroz, encarniçada, para uma aliança com...
Orestes Quércia!
Quércia já foi a grande novidade
do MDB ao se eleger senador contra
uma ditadura militar e, depois, governador de São Paulo. Caiu no ostracismo, mas, espertamente, mantendo um forte controle sobre a máquina peemedebista em São Paulo.
Apesar dos pesares, o PMDB ainda é
o PMDB, com governadores, grandes
bancadas, invejável tempo de TV.
É por isso que Lula e Alckmin pulam em cima de Quércia e lhe oferecem até a candidatura ao Senado para atraí-lo e ao PMDB. Como lembrança: o PSDB foi criado em 1988,
entre outras coisas, porque achava
que o candidato peemedebista não
seria Ulysses, e sim Quércia. E pulou
do barco, para tentar Mario Covas.
A aproximação PSDB-PMDB segue
a lógica do pragmatismo eleitoral,
mas há um dado interessante a mais:
o novo comando que Alckmin imprime ao seu partido. FHC e Serra não
teriam condições de deflagrar o acordo com Quércia. Alckmin tem.
Na sua cola, Lula autorizou o PT
paulista a conversar, negociar, oferecer qualquer coisa para ter Quércia.
São dois objetivos: impedir que ele
caia no colo dos tucanos e garantir
que ele reforce a agora incerta chapa
petista, ameaçada pela entrada de
Serra na disputa ao Bandeirantes.
Lembre-se que Quércia ressurgiu
das cinzas quando a pesquisa Datafolha identificou que ele estava, nada
mais, nada menos, em primeiro lugar para o governo. Foi um clique para despertar PT e PSDB para o "fator
Quércia" em São Paulo.
E Alckmin levou isso ainda mais
adiante. Quércia pode ser o pivô da
super-aliança nacional com a qual o
tucano sonha: PSDB, PFL, PMDB,
PPS e PV. Uma chapa trator. Mesmo
passando por cima de antigas e proclamadas divergências no jeito de ver
a política e de usufruir dela.
@ - elianec@uol.com.br
Texto Anterior: São Paulo - Clóvis Rossi: Decoro de republiqueta Próximo Texto: Rio de Janeiro - Carlos Heitor Cony: Sangue e cara-de-pau Índice
|