São Paulo, sábado, 04 de maio de 2002

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A CINCO MESES DO PLEITO

Não há propriamente um fato novo no cenário político nacional. A despeito disso, as pesquisas de intenção de voto registram aumento expressivo nos endossos ao pré-candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva. A indefinição quanto ao segundo lugar se mantém. A disputa mais acirrada se dá entre o tucano José Serra e o pessebista Anthony Garotinho. Ciro Gomes, por vezes, aparece como um terceiro elemento a "embolar" ainda mais a disputa.
Lula parece colher os frutos de uma fase de inserções intensivas na mídia. Não se pode menosprezar o esforço de mudança da imagem do ex-líder sindical do ABC paulista. O marketing do PT, dirigido pelo mesmo publicitário que, em 1992, quebrou o jejum de vitórias eleitorais de Paulo Maluf, se empenha em refrear aspectos esquerdistas que historicamente têm dificultado a penetração de Lula e de seu partido em segmentos sociais conservadores.
É cedo para fazer extrapolações sobre o futuro eleitoral. O que se vê, no mercado dos analistas políticos, são radicais divergências quanto à trajetória dos candidatos. Os prognósticos vão desde o da vitória do candidato petista ainda no primeiro turno até o de sua derrota, no turno final, para o candidato governista, passando pelos que consideram a hipótese de uma disputa de segundo turno somente entre chapas oposicionistas.
Nem sequer há acordo sobre os nomes que estarão na disputa presidencial de 6 de outubro. A verticalização das alianças, a liberação da "coligação camarão" (partidos que não concorrerem à Presidência estarão livres para associar-se nos Estados) e desentendimentos políticos ensejam pressões que trabalham contra a manutenção de algumas candidaturas.
O que no momento se pode afirmar sobre a disputa pelo Planalto é que ela será mais difícil para o governismo do que foram as duas últimas. Há um desgaste natural de uma gestão que passa oito anos no poder; houve uma cisão importante na base de partidos que sustenta o presidente; e não há perspectiva de desempenho econômico brilhante, com retomada significativa da renda e do emprego, para os próximos meses.


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