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LUCIANO MENDES DE ALMEIDA
Lições maternas
de vida cristã
Na sociedade em que crescem a
violência e a desigualdade social e
em que se perdem os parâmetros éticos em relação à vida humana e à família, experimentamos o anseio de
convivência fraterna -marcada pelo
resgate da dignidade da pessoa e pela
reconciliação entre povos, raças e
crenças.
O egoísmo do coração humano e a
sede descontrolada pelo prazer e pela
dominação vão minando a expectativa de uma sociedade justa e solidária e
afastando para longe o sonho de uma
"terra sem males". Que esperança há
em fazer recuar o quadro de violência
e injustiças que caracteriza a nossa geração? Diante do drama da miséria e
da fome, a Conferência Nacional dos
Bispos do Brasil, em sua última Assembléia, propõe atitudes que estão
na base da nova sociedade de que os
cristãos devem dar testemunho.
A primeira é a vivência da solidariedade, que nasce da abertura do coração às necessidades do próximo. A
exemplo de Jesus Cristo, Bom Pastor,
que se comoveu diante do sofrimento
espiritual e material do povo, precisamos nos educar para perceber os irmãos caídos à margem da estrada e
empenhar-nos em socorrê-los e promovê-los. É a atitude de compaixão e
de misericórdia de Cristo que nos motiva e nos anima a superar o individualismo. O Evangelho nos apresenta
Maria, Mãe de Jesus, como a verdadeira discípula, solícita e atenta ao sofrimento do povo. Temos de aprender
com ela a nos comover e a nos comprometer diante dos que carecem do
necessário à vida. A devoção a Maria
intensifica a vontade de imitá-la no seguimento de Jesus. Ela vai nos levar a
descobrir o pranto e a lágrima da
criança abandonada, os anseios dos
jovens, o drama da família sem emprego e o vazio de quem não tem Deus
no coração para a todos amar e auxiliar.
A segunda atitude indispensável aos
cristãos para a realização da sociedade
fraterna é a opção por uma vida simples, frugal e saudável. Para corrigir as
falhas do mundo consumista, que
desgasta a natureza e acumula bens
para si, esquecendo-se dos outros, é
preciso aprender o desapego às riquezas e descobrir a alegria de partilhar o
que temos com os demais. Exemplo
de vida cristã é o modo simples de viver de Maria, Mãe de Jesus, e de São
José: a confiança em Deus, o hábito do
trabalho, a ausência de privilégios, o
anonimato e a participação na condição do povo. As primeiras comunidades dos discípulos de Jesus nasceram
ao redor de Maria e colocavam em comum o que possuíam a fim de que a
ninguém faltasse o necessário.
Hoje, as comunidades cristãs são
chamadas a dar testemunho de uma
vida modesta que se contenta com o
suficiente e, assim, permite, com alegria, partilhar com os outros aquilo
que de Deus recebemos.
No cerne da nova sociedade está a
atitude de quem estima e respeita a vida, dom de Deus, que deve ser reconhecida na dignidade da pessoa.
Quem melhor do que a Mãe de Jesus
para nos transmitir o valor da vida?
Ela, que acolheu com amor e protegeu
o Divino Salvador, há de nos ajudar a
sermos irmãos e irmãs uns dos outros
e a assegurarmos condições dignas de
vida para todos.
No mês de maio, procuremos com
as primeiras comunidades contemplar e imitar o exemplo da Mãe de
Deus e nossa, discípula perfeita de Jesus.
Aprendamos com ela a dar testemunho das atitudes cristãs que hão de
transformar a atual sociedade e anunciar as sementes de esperança do Reino definitivo.
D. Luciano Mendes de Almeida escreve aos sábados nesta coluna.
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