São Paulo, quarta-feira, 04 de maio de 2005

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FERNANDO RODRIGUES

Intrigalhada no PT

BRASÍLIA - Ou o PT resolve logo as suas disputas regionais ou as disputas regionais vão acabar com o PT. Pode ocorrer um processo de peemedebização com os petistas.
Um caso a ser analisado é o de São Paulo. O PT tem três pré-candidatos ao governo paulista. Concorrem
Aloizio Mercadante, João Paulo Cunha e Marta Suplicy. Um quarto nome, José Dirceu, ameaça entrar "se a coisa engrossar", como ele diz em privado e nega em público.
Anteontem, o politburo federal petista se reuniu em São Paulo. Determinou que ninguém deve falar de eleições e candidaturas para 2006. Bobagem. No Congresso, em Brasília, só se fala disso. O problema não tem sido falar, mas, sim, fazer.
Outro dia, um importante senador do PMDB procurou um importante deputado do PP e disse: "Precisamos ajudar o Aloizio Mercadante. Temos de derrubar essa MP 237".
O que é a MP 237? É a medida provisória feita sob medida para salvar alguns prefeitos que gastaram além da conta e poderiam ser processados com base na Lei de Responsabilidade Fiscal. A pessoa mais famosa a ser beneficiada é Marta Suplicy. Se a MP 237 cair, Marta pode ser condenada e a pena é até, no limite, cadeia.
O raciocínio dos que falam em nome de Aloizio Mercadante -que obviamente negará essa estratégia até o fim de seus dias- é que, prejudicando Marta Suplicy, ajudam o senador petista na sua escalada para o Palácio dos Bandeirantes.
Essa intrigalhada não vai parar. O governo Lula continua sem coordenação política dentro do Congresso. No PT, as candidaturas a governos estaduais de duas dezenas de petistas são incontroláveis.
Só o crescimento da economia e a popularidade de Lula salvam o partido de um fiasco eleitoral em 2006. É um risco apostar só nisso. Melhor seria conseguir pôr ordem na coordenação política. Mas aí já é pedir demais ao presidente da República.

@ - frodriguesbsb@uol.com.br


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