São Paulo, quarta-feira, 04 de maio de 2005

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Araguaia
"O caso dos ex-soldados que "combateram" no Araguaia e querem receber indenização (Brasil, 1º/5) vai servir para esclarecermos os fatos que cercam a guerrilha do Araguaia. O depoimento de Adaílton Vieira Bezerra mostra que a ditadura militar só existiu graças ao silêncio, à omissão e à colaboração da maioria da população brasileira. Os processos oriundos desses casos (ex-soldados) ajudarão a preencher algumas lacunas de nossa história recente. Tenho certeza de que os familiares e amigos de Walquíria, de Batista, de Peri, de Daniel, de Dina, de Isaura, de Osvaldão e de tantos outros devem estar chocados devido ao pedido de indenização feito por quem ajudou, deu suporte e viu a tortura acontecer. Os grupos Tortura Nunca Mais e a Anistia Internacional, bem como as organizações de luta em prol da democracia (OAB, ABI, UNE etc.), têm de estar alertas acompanhando esses processos."
Ivanduir César Barbosa (Rio de Janeiro, RJ)

 

"Estou de pleno acordo com o pagamento de indenização aos militares que combateram os guerrilheiros na região do Araguaia. Os guerrilheiros estavam a serviço do Partido Comunista do Brasil (PC do B) e tinham apoio internacional. Se eles não tivessem sido derrotados, teríamos na região uma "Farb - Força Armada Revolucionária do Brasil", tal como há na Colômbia até os dias de hoje. Os soldados que lutaram contra aqueles guerrilheiros e os derrotaram são heróis nacionais e merecem muito mais."
Pedro Cândido Ferreira Filho (Belo Horizonte, MG)

 

"Comprova-se mais uma vez a excelência do jornalismo da Folha pelo modo de pôr o leitor a par das abomináveis exigências de militares e civis que torturaram guerrilheiros do Araguaia. Lemos os depoimentos, vemos as fotografias e, louvado seja Deus, apreciamos Josias de Souza, cujo talento, coragem e informação estão a serviço da integridade humana nas mais diversas circunstâncias. Torturadores querem indenização porque defendiam a pátria? A pensar assim, então os militares japoneses que invadiram a Manchúria e esmeraram-se em torturar chineses também podiam alegar que defendiam o sacrossanto imperador. E aqueles que, nos campos de concentração, como Auschwitz, acabaram com judeus, comunistas, ciganos e prisioneiros de guerra russos também alegariam que defendiam os ideais do nacional-socialismo e os países do eixo."
Edite do Céu Faial Jacques (Brasília, DF)

 

"Em relação às excelentes reportagens sobre o Araguaia (acabaram?), vejo uma coincidência espantosa: enquanto a nação da guerra (EUA) leva à corte marcial a militar que abusou de prisioneiros em outro lugar do mundo, na nação da cordialidade (Brasil), os militares que cometeram um "Abu Ghraib" em solo nacional assumem descaradamente o fato e exigem indenização -e advogados, ainda por cima, justificam o pedido. Corte marcial neles! E esses advogados, se quiserem regressar à decência, que os defendam, então, em um foro cabível."
Nei Bomfim (São Paulo, SP)

Lição
"O artigo do Luiz Nassif ("Severino, o político", Dinheiro, 3/5) é primoroso. Vale por uma lição conjunta de política e de jornalismo."
Mauro Salles, publicitário (São Paulo, SP)

Sabatina com Severino
"Quem diria, hein? Eu nem sabia que o estupro era uma "dificuldade passageira à vida da infeliz" ("Deputado diz que casou mais ou menos virgem", Brasil, 3/5). Pena que certos políticos, também passageiros na vida pública do país, demorem a sumir dela."
Carlos Bruni Fernandes (São Paulo, SP)

 

"Se houvesse eleição para escolher "o politico mais transparente do Brasil", certamente meu voto iria para o presidente da Câmara dos Deputados, Severino Cavalcanti (PP-PE). Durante a sabatina promovida pela Folha na segunda-feira, o nobre deputado mostra como são os políticos que não fazem dois discursos -um para os políticos e outro para os eleitores. Mas o que vemos nas palavras de Severino é um cenário assustador: admissão do uso de influência política, idéias retrógradas, legislação em causa própria, ignorância do significado de "dinheiro público", falta de noção de cidadania, falta de decência política e falta de bom senso de uma maneira geral. Transparência deixou de ser uma boa característica na política."
Paulo Atsushi Sakanaka (Campinas, SP)

 

"Severino Cavalcanti me diverte mais do que José Simão. Dizer que o estupro é um acidente horrendo. Eu prefiro achar que acidente horrendo foi a eleição desse cidadão para a presidência da Câmara."
Mário Augusto Alves Brunido (São Paulo, SP)

Dia seguinte
"Em relação à reportagem sobre a "pílula do dia seguinte" (Cotidiano, 30/4), parece-me óbvio que essa medicação é, na maioria das vezes, francamente abortiva, pois, como o nome diz, geralmente é tomada várias horas após o ato sexual e impede a nidação do ovo fecundado (embrião) na parede uterina. O que ocorre é a eliminação do embrião, o que se caracteriza como um abortamento subclínico. Negar isso é "dourar a pílula"."
Marcus A. Cavalheiro, médico ginecologista-obstetra (São Paulo, SP)

Arte
"Infelicíssima -por tendenciosa- a reportagem de Fábio Cypriano sobre a feira SP Arte, inaugurada no pavilhão da Bienal ("Desfalcada, feira reúne 41 galerias em SP", Ilustrada, 28/4). Tomou-se o discutível partido por causa do não-comparecimento de três galerias (menção explícita com nome e artistas representados) em contraponto às 40 que resolveram participar. A partir do título "Desfalcada (...)" e continuando pelas declarações das galerias ausentes, deu-se mais relevância às ausências do que ao fato de termos, até tardiamente, uma feira no Brasil, o que parece uma falta de visão e de respeito com a organização do evento -muito bem-sucedido para quem assistiu a ele pessoalmente- e com as galerias que resolveram prestigiar quem aposta no mercado nacional em vez de serem prestigiadas pela presença nas mostras internacionais. Teria sido muito mais interessante uma análise da qualidade das obras oferecidas, mas a impressão que ficou foi a de torcida contra."
Thomas Cohn (São Paulo, SP)

Resposta do jornalista Fábio Cypriano - A reportagem seguiu as normas do "Manual da Redação" da Folha, ouvindo todos os envolvidos. Seria mau jornalismo deixar de registrar que as galerias com maior penetração no circuito internacional estiveram ausentes da 1ª SP Arte, que, aliás, tinha dois pisos do pavilhão da Bienal alugados e só conseguiu ocupar um.

Trem
"Com a liqüidação da Rede Ferroviária Federal S.A. (pela medida provisória 246/05), o Brasil declara ao mundo a sua pobreza administrativa e política para gerenciar uma grande idéia."
José Edegar Martins Medeiros (Florianópolis, SC)


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