São Paulo, sexta-feira, 04 de junho de 2004

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BONS SINAIS

São animadores os dados relativos ao mês de maio divulgados pela Associação Comercial de São Paulo. As vendas à vista cresceram 13% em relação a abril e 2,5% na comparação com maio de 2003.
O mais auspicioso, além dos sinais de que a economia dá continuidade à recuperação verificada no primeiro trimestre, é o bom desempenho das vendas em setores como o de alimentos e vestuários. Até maio, esses itens ainda não haviam demonstrado reação significativa, evidenciando o baixo dinamismo do mercado interno e a fragilização do poder de compra dos trabalhadores. É igualmente favorável que a inadimplência tenha caído e que as vendas do setor automobilístico, fracas em abril, tenham voltado a crescer.
Se esses dados forem representativos de um movimento mais amplo, como é provável, pode-se considerar que a reativação da economia caminha, enfim, para se tornar mais homogênea, ou seja, menos concentrada nos setores voltados para a exportação. Com a confirmação desse cenário ganhará vulto o desafio de avançar na criação de condições para estimular os investimentos e superar os conhecidos gargalos de infra-estrutura, notadamente nas áreas de energia, estradas e portos.
É fundamental que o governo aproveite a conjuntura de reaquecimento da atividade para dissipar as incertezas do setor produtivo em relação ao futuro. Seria deplorável se o país desperdiçasse nova oportunidade de dar início a uma trajetória mais sustentável de expansão da economia, e viesse a repetir a dinâmica do "stop and go" dos últimos anos, ou seja, um processo de crescimento medíocre e descontínuo.
Se as dúvidas quanto à retomada vão desaparecendo, seus limites ainda permanecem. Uma expansão de 3,5% do PIB, como previsto, está longe de ser brilhante. E não estão asseguradas as condições para sua continuidade. Um ambiente de confiança dependerá em muito de novas reduções das taxas de juros e da implementação de medidas -como as políticas industriais e as regras para investimento- que, mesmo delineadas, ainda não saíram do papel.


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