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MISSÃO NO HAITI
Pela primeira vez, o Brasil assumiu o comando de uma força
de paz da ONU. A missão das Nações Unidas no Haiti, da qual participarão cerca de 1.200 militares brasileiros, visa a desarmar bandos que lá
atuam e assegurar a ordem pública,
o que ajudaria na criação de um ambiente político e econômico mais favorável, no qual instituições democráticas possam prosperar.
O governo não deve, no entanto,
subordinar missões como essa ao interesse de conquistar um assento
permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas -objetivo
certamente genuíno, mas muitas vezes compreendido de maneira um
tanto ufanista, distorcida e ilusória.
É correto o Brasil participar de operações que ocorram sob os auspícios
da ONU, como já o fez, aliás, em várias outras ocasiões, seguindo princípios de defesa da paz e cooperação
entre os povos.
No caso do Haiti, é infundada a
acusação de que, ao aceitar a missão,
o país legitima mais uma intervenção
norte-americana em solo latino-americano. Apesar de o Departamento de Estado dos EUA ter desempenhado um papel importante na renúncia do presidente Jean-Bertrand
Aristide, no início deste ano, o maior
responsável pela queda de Aristide
ainda é ele próprio.
Com efeito, tido como um campeão da democracia, que pregava
contra a exclusão social e parecia imbuído dos mais elevados princípios
morais, Aristide acabou-se tornando
um tirano não muito diferente dos
que o antecederam. O que os EUA e a
França fizeram se assemelha mais a
desligar os aparelhos que mantêm
um doente terminal artificialmente
vivo do que a um golpe de Estado.
A participação brasileira na missão
de paz que ora chefia é legítima e plenamente compatível com as responsabilidades internacionais e a vocação pacífica do país.
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