São Paulo, sexta-feira, 04 de junho de 2004

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MISSÃO NO HAITI

Pela primeira vez, o Brasil assumiu o comando de uma força de paz da ONU. A missão das Nações Unidas no Haiti, da qual participarão cerca de 1.200 militares brasileiros, visa a desarmar bandos que lá atuam e assegurar a ordem pública, o que ajudaria na criação de um ambiente político e econômico mais favorável, no qual instituições democráticas possam prosperar.
O governo não deve, no entanto, subordinar missões como essa ao interesse de conquistar um assento permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas -objetivo certamente genuíno, mas muitas vezes compreendido de maneira um tanto ufanista, distorcida e ilusória.
É correto o Brasil participar de operações que ocorram sob os auspícios da ONU, como já o fez, aliás, em várias outras ocasiões, seguindo princípios de defesa da paz e cooperação entre os povos.
No caso do Haiti, é infundada a acusação de que, ao aceitar a missão, o país legitima mais uma intervenção norte-americana em solo latino-americano. Apesar de o Departamento de Estado dos EUA ter desempenhado um papel importante na renúncia do presidente Jean-Bertrand Aristide, no início deste ano, o maior responsável pela queda de Aristide ainda é ele próprio.
Com efeito, tido como um campeão da democracia, que pregava contra a exclusão social e parecia imbuído dos mais elevados princípios morais, Aristide acabou-se tornando um tirano não muito diferente dos que o antecederam. O que os EUA e a França fizeram se assemelha mais a desligar os aparelhos que mantêm um doente terminal artificialmente vivo do que a um golpe de Estado.
A participação brasileira na missão de paz que ora chefia é legítima e plenamente compatível com as responsabilidades internacionais e a vocação pacífica do país.


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