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CRECHES INFORMAIS
Levantamento do IBGE revela que 55% das crianças de 0 a 3
anos que frequentam creches no
Brasil o fazem em instituições sem
nenhum vínculo com o sistema público de ensino, ao contrário do que
determina a Lei de Diretrizes e Bases
da Educação, aprovada em 1996.
Parte dessas creches é inteiramente
clandestina e parte é mantida por entidades assistenciais e ONGs, com
registro em secretarias de assistência
social, mas sem ligação com os órgãos oficiais de educação.
Sem entrar no mérito da qualidade
do controle exercido pela burocracia
educacional, é evidente que haveria
ganhos se todas as instituições funcionassem sob a supervisão das secretarias de Educação. A idéia é garantir que as crianças estejam sob os
cuidados de profissionais qualificados, que o espaço físico seja adequado e que haja um mínimo de diretrizes pedagógicas.
Na realidade, porém, muitas das
"instituições" não são dignas de nome tão pomposo. Não passam de depósitos de crianças para mães que
têm de trabalhar ou nem isso; às vezes são barracos cuja moradora cuida dos filhos de vizinhas. Aqui, são
as necessidades das mães que criam
um mercado informal, não sem riscos físicos à integridade das crianças. Falar em pedagogia soa risível.
É claro que o Estado não pode renunciar à tarefa, pelo menos como
meta a atingir, de oferecer creches e
pré-escola a todos, ou ao menos garantir a sua qualidade. Crianças que
frequentam instituições desde cedo
costumam ter melhor rendimento
escolar, e a tendência, nos países desenvolvidos, tem sido a de começar o
período de aprendizagem cada vez
mais precocemente.
Diferentemente do ensino superior, porém, a solução aqui não passa por fechar instituições sem qualidade, exceto em casos extremos. A
medida geraria grandes problemas
sociais. Cumpre, isto sim, ampliar a
oferta de vagas na rede pública e criar
condições para que as creches privadas regularizem sua situação.
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