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São Paulo, sexta-feira, 04 de julho de 2003

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IMUNIDADE AMERICANA

Em nova manifestação de unilateralismo, os EUA suspenderam ajuda militar a 47 países -entre eles o Brasil- que não assinaram acordo destinado a livrar militares norte-americanos de eventuais punições no Tribunal Penal Internacional. Foram congelados aproximadamente US$ 47,6 milhões de um auxílio utilizado por esses países para finalidades como treinar tropas e comprar armas.
O TPI julga crimes de guerra e contra a humanidade. Embora os EUA tenham assinado, em 1998, o tratado que criou o tribunal, em 2002 o presidente George W. Bush decidiu cancelar a adesão de seu país. Sob a alegação de que a campanha contra o terrorismo exige proteção especial aos militares envolvidos, os EUA passaram a buscar acertos bilaterais para proibir os países signatários de levar norte-americanos a julgamento nesse tribunal.
A inflexão de Washington em relação ao TPI lembra a verificada no caso do Protocolo de Kyoto. Em 2001, pouco depois de assumir a Presidência, Bush decidiu não ratificar o acordo para reduzir as emissões mundiais de gases poluentes. A reação da comunidade internacional não o demoveu de privilegiar interesses de empresas norte-americanas.
A esses episódios somam-se a decisão de fazer a Guerra do Iraque sem o aval do Conselho de Segurança da ONU e o pouco caso diante dos indícios de que as informações usadas como pretexto para iniciar o ataque foram manipuladas.
Em protesto contra a suspensão da ajuda militar aos 47 países, a organização Human Rights Watch afirmou que embaixadores dos EUA têm agido como "bedéis escolares" na tentativa de obrigar países a assinar acordos contra o TPI.
A imagem, bastante apropriada, ajuda a explicar por que a atual política de Washington é, nas palavras do historiador britânico Eric Hobsbawm, "a mais impopular jamais praticada por um governo dos EUA e, provavelmente, por qualquer outra grande potência".


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