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IMUNIDADE AMERICANA
Em nova manifestação de unilateralismo, os EUA suspenderam ajuda militar a 47 países -entre
eles o Brasil- que não assinaram
acordo destinado a livrar militares
norte-americanos de eventuais punições no Tribunal Penal Internacional. Foram congelados aproximadamente US$ 47,6 milhões de um auxílio utilizado por esses países para finalidades como treinar tropas e
comprar armas.
O TPI julga crimes de guerra e contra a humanidade. Embora os EUA
tenham assinado, em 1998, o tratado
que criou o tribunal, em 2002 o presidente George W. Bush decidiu cancelar a adesão de seu país. Sob a alegação de que a campanha contra o
terrorismo exige proteção especial
aos militares envolvidos, os EUA
passaram a buscar acertos bilaterais
para proibir os países signatários de
levar norte-americanos a julgamento
nesse tribunal.
A inflexão de Washington em relação ao TPI lembra a verificada no caso do Protocolo de Kyoto. Em 2001,
pouco depois de assumir a Presidência, Bush decidiu não ratificar o acordo para reduzir as emissões mundiais de gases poluentes. A reação da
comunidade internacional não o demoveu de privilegiar interesses de
empresas norte-americanas.
A esses episódios somam-se a decisão de fazer a Guerra do Iraque sem
o aval do Conselho de Segurança da
ONU e o pouco caso diante dos indícios de que as informações usadas
como pretexto para iniciar o ataque
foram manipuladas.
Em protesto contra a suspensão da
ajuda militar aos 47 países, a organização Human Rights Watch afirmou
que embaixadores dos EUA têm agido como "bedéis escolares" na tentativa de obrigar países a assinar acordos contra o TPI.
A imagem, bastante apropriada,
ajuda a explicar por que a atual política de Washington é, nas palavras do
historiador britânico Eric Hobsbawm, "a mais impopular jamais
praticada por um governo dos EUA
e, provavelmente, por qualquer outra
grande potência".
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