|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FERNANDO RODRIGUES
Inútil volta ao mundo
BRASÍLIA - As condições políticas excepcionais do início do mandato se
evaporam a cada dia. O governo e o
Congresso ensaiam recuos nas reformas da Previdência e tributária.
A maior concessão na Previdência
se dará em relação aos futuros servidores. Na emenda constitucional em
tramitação, os novos funcionários
públicos admitidos após a promulgação da reforma poderão, em tese,
participar de um sistema auto-sustentável e justo. Ocorre que o texto
não é auto-aplicável.
Para que os novos servidores passem a contribuir com um regime semelhante ao do INSS (com garantia
de aposentadoria até R$ 2.400) e
também para um fundo de pensão
complementar, é necessário votar leis
estabelecendo as novas regras para
União, Estados e municípios.
Aprovadas as leis, os fundos seriam
então constituídos. Numa previsão
otimista, nada disso ocorrerá antes
de 2005. Até lá, fica tudo como está,
pelo sistema atual.
É natural que seja assim. Não é
aconselhável a Constituição detalhar
regras de fundos de pensão.
Tudo normal, exceto o fato de que o
texto constitucional atual já autorize
isso no seu artigo 40. Bastaria deputados e senadores votarem uma lei
para mudar o regime previdenciário
dos futuros servidores.
Pode parecer pouca coisa. Na prática, é o oposto. Nos oito anos de FHC
foram admitidos 52 mil novos funcionários por concurso. Esse grupo representa cerca de 10% dos civis a serviço da União no momento.
Tivessem tucanos e petistas feito algo lá atrás, parte dos servidores
atuais já estaria sob regras mais justas. Agora, o PT ensaia alterar a
Constituição para deixá-la quase como está no que diz respeito a novos
funcionários públicos. Dará a volta
ao mundo para chegar ao mesmo lugar. Para azar do país, o futuro da
Previdência continuará à deriva.
Texto Anterior: São Paulo - Fernando de Barros e Silva: A hora dos conflitos Próximo Texto: Rio de Janeiro - Carlos Heitor Cony: No outro lado da praça Índice
|