São Paulo, quarta-feira, 04 de agosto de 2004 |
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FERNANDO RODRIGUES Luta inglória
BRASÍLIA - No início do governo FHC (1995-2002), nada colava no tucano. Os escândalos do Sivam (alguém se lembra?) e da compra de votos a favor da emenda da reeleição
reverberavam apenas no mundinho
da oposição e em parte da mídia que
procura ser independente.
A gênese do teflon fernandino era
uma só: o bom desempenho da economia. O PIB cresceu respeitáveis
5,9% em 1994 (quando FHC foi eleito). Nos três anos seguintes, as taxas
foram de 4,2%, 2,7% e 3,3%.
Esses percentuais são certamente
pequenos para a necessidade brasileira, é verdade. Mas foram muito
acima da média desde 1985, quando
o país retornou à democracia. Nos 19
anos de regime civil até hoje, o PIB só
teve crescimento igual ou acima de
3,5% em sete ocasiões.
Sob Lula, com a economia brasileira apontando para um crescimento
próximo de 4% neste ano, dificilmente algum escândalo de ordem moral
ou ética atingirá o petista. Nesse balaio estão incluídos Meirelles, Casseb
e outros que possam aparecer.
Em países de quinta categoria como o Brasil, um desvio ético só tem
conseqüências em tempos de relativa
calmaria econômica quando a octanagem da acusação é extraordinária.
OK, Bill Clinton se salvou nos EUA,
mas a pressão que sofreu por lá não
chega aos pés da cobrança que as instituições fazem de presidentes brasileiros em apuros morais.
Tudo somado, a oposição pode fazer o seu papel. Pode convocar Meirelles, Casseb e até o papa para depor
no Congresso. A chance de haver punição de algum culpado ou apuração
real das acusações é quase zero. É
uma luta inglória. Pelo menos enquanto o PIB continuar a crescer. |
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