São Paulo, sábado, 04 de setembro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PAINEL DO LEITOR

Impessoalidade do poder
"Um dos fundamentos do regime republicano é a impessoalidade do exercício do poder, como bem lembrou a Folha no editorial "Apoio anti-republicano" (Opinião, 2/9). E é com absoluto respeito a esse fundamento que o governo do Estado de São Paulo pauta as suas ações, como é reconhecido publicamente até mesmo pela senhora Marta Suplicy, prefeita de São Paulo e candidata pelo PT. Os investimentos do governo do Estado na capital somam mais de R$ 20 bilhões no período 1995-2004 -em obras nas áreas de educação, saúde, transporte coletivo, saneamento básico, enchentes e habitação, entre outras. Apenas como exemplo, em 2002, o governo do Estado transferiu para a Prefeitura de São Paulo a administração do Qualis na capital, com 215 equipes de saúde da família e 61 postos (muitos deles acoplados a unidades básicas de saúde). O governo do Estado não pauta suas ações baseado em interesses partidários. O cidadão Geraldo Alckmin, no entanto, expressa a sua opinião pessoal de que José Serra é o melhor candidato para a Prefeitura de São Paulo, e é esse o sentido de minha declaração veiculada na propaganda do PSDB."
Geraldo Alckmin, governador do Estado (São Paulo, SP)

Testando
"Ao ler o artigo da jornalista Eliane Cantanhêde sobre o arrivismo do chefe da Casa Civil, José Dirceu, que se arroga o direito de arrombar portas ("Arrombando portas", Opinião, 3/9), fiquei tentando imaginar se o ministro arrispidou-se de vez ou se isso foi mais um arrufo contra a oposição. Todo este arroubo governamental está ancorado no arromançado crescimento econômico por que passa o Brasil. Quando a expressão "arrombar portas" sai da cabeça do homem mais poderoso do governo, ela se torna arrepiante e arrevesada. Assim sendo, o melhor a fazer é presumir que esse episódio tenha sido mais uma das brincadeiras arrogantes que os poderosos deste governo têm feito para testar a capacidade de reação da imprensa e do povo brasileiro. Sempre é bom lembrar que os arrulhos em forma de cânticos negros se transformam em trágicas arrumadelas que sempre levam à ruína."
Wilson Gordon Parker (Nova Friburgo, RJ)

Mesmice
"Não posso acreditar na mesmice política de tucanos e petistas. Deverá existir uma terceira via que nos mostre o caminho das pedras e algo diferente em torno do desenvolvimento e crescimento da economia, porque de fadas estamos fartos, assim como de ataques pessoais que somente retiram o brilho das campanhas e demonstram a fragilidade dos partidos, que não têm nenhuma plataforma capaz de sustentar a governabilidade."
Carlos Henrique Abrão (São Paulo, SP)

Independência
"O leitor Edson Khair ("Painel do Leitor", 2/9) disse que os votos dos ministros contrários à cobrança dos inativos são um marco de independência do STF. Quem tem mais independência? Os ministros que votaram a favor de seus próprios interesses -afinal vão se aposentar pelo teto máximo- ou os ministros que votaram a favor do desconto de suas próprias aposentadorias?"
Fernão de Souza Vale (Rio de Janeiro, RJ)

Ancinav
"Escrevo para tranqüilizar o professor-emérito Fábio Wanderley Reis ("Iniciativa é alvo de críticas de cientistas políticos", Brasil, 3/9). Como alertou o professor Bresser-Pereira nesta seção (28/8), a impressão de que o anteprojeto de criação da Agência Nacional do Cinema e do Audiovisual (Ancinav) permite interferência sobre a liberdade de expressão não resiste a uma leitura atenta e rigorosa da minuta que se encontra em consulta pública no site www.cultura.gov.br/projetoancinav. A nova agência vai regular e incentivar as atividades econômicas de produção e de difusão de conteúdos audiovisuais no país. Nada além, nada aquém. Convido o professor e os leitores a conhecerem melhor o anteprojeto."
Sérgio Sá Leitão, coordenador da assessoria do Ministro da Cultura (Brasília, DF)

Quintas-feiras
"As quintas-feiras sempre foram para mim dias bons, porque começam com excelentes edições da Folha: o caderno Equilíbrio, a coluna do Contardo Calligaris e, claro, a coluna do Otavio Frias Filho. Agora as quintas-feiras vão ficar um pouco menos interessantes e, com certeza, bem menos críticas. É uma pena que Frias tenha resolvido parar. Faço votos para que cumpra o que prometeu na última coluna e colabore -agora com mais freqüência- em outras partes do jornal. Seus admiradores agradecem."
Manoel Francisco Nascimento (São Paulo, SP)

Festa democrática?
"Convocado, pela segunda vez, a trabalhar na seção eleitoral onde sou inscrito, solicitei minha exclusão alegando razões profissionais. O pedido foi velozmente indeferido por "falta de provas". Humilhação maior do que ser obrigado a votar é ser forçado a trabalhar nas eleições. Sou autônomo, portanto o brinde de ter um dia de folga no trabalho obviamente não me interessa. Civismo é ter liberdade para aceitar ou não trabalhar para o TRE."
Stefano Di Pastena (Niterói, RJ)

Rumo e valores
"Assistindo a um famoso programa dominical por duas semanas seguidas, fiquei abismado com os assuntos reportados. Na primeira semana, entrevistaram uma criança (12,13 anos?) que estava triste pois ainda não havia beijado um menino na boca. E a repórter, toda interessada em resolver a pendenga, conversava com os meninos para saber o que eles achavam dessa "barbaridade". Na segunda semana, a reportagem mostrava jovens que se vangloriavam de entrar em festas mesmo sem serem convidados (pulando muros, janelas...). Eu me pergunto: onde vamos parar? Ou a sociedade perdeu o rumo das coisas ou os valores éticos e morais não valem absolutamente nada."
Gilberto Ribeiro Da Silva (Carapicuíba, SP)

Negri
"A entrevista de Antonio Negri feita pelo jornalista inglês Johann Hari, do "Independent" (Mundo, 29/8) denota preconceito e má-fé do entrevistador. A arrogância do jornalista se limita a uma postura iconoclasta, sem preocupar-se com os fundamentos críticos que deveriam ser levados em consideração em relação à sua obra "Império". Negri, sob a ótica cínica do jornalista, é visto como terrorista, anacrônico e alcoólatra. A desonestidade chega ao ponto de afirmar que Negri "quer que esqueçamos a história", o que não é verdadeiro. O filósofo italiano, quando diz que a memória impede a revolta, a rejeição, a invenção e a revolução, está aludindo ao pensamento conservador que tende a imobilizar o progresso. Basta a leitura atenta de sua obra anterior, "O Poder Constituinte - Ensaio sobre as Alternativas da Modernidade", concebido sem co-autoria, para constatar as sandices do senhor Hari direcionadas a uma pessoa cujo potencial intelectual ainda não foi por si alcançado."
Paulo Cesar Ribeiro Galliez (Rio de Janeiro, RJ)


Texto Anterior: Ideli Salvatti: Uma parceria para crescer mais

Próximo Texto: Erramos
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.