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TRANSPORTE DESREGULADO
Os problemas com setores privatizados tendem a ser maiores quanto
mais falha é a regulação. O exemplo
dos transportes é eloquente.
A Codesp (Companhia Docas do
Estado de São Paulo) anunciou uma
investigação sobre um suposto conluio entre operadores de terminais
privados no porto de Santos (SP),
com o objetivo de encaminhar um
processo ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). Pode ser mais um exemplo dos efeitos
de uma privatização que não está
submetida a normas e ações reguladoras eficazes. O custo surge agora,
sem que se possa ainda contar com
uma agência para o setor, habilitada
a evitar o agravamento do problema.
Segundo a Codesp, proprietários
de terminais, por onde se embarcam
os produtos, estariam se articulando
para defender preços e evitar a concorrência. É grave não apenas como
prática desleal, mas como exemplo,
mais um, das dificuldades que ainda
impedem a redução dos custos no
Brasil, dificultando ainda mais a recuperação de exportações.
Há um problema básico de organização. A Codesp atua como autoridade portuária, mas não tem capacidade de investigar as práticas comerciais no setor. Esta seria a função de
um órgão regulador, capaz de monitorar todos os envolvidos no uso da
infra-estrutura de transportes.
Especificamente no caso de Santos,
a apuração dessas anomalias é ainda
mais urgente, pois o porto é notoriamente um dos mais caros do país.
Aliás, constatou-se que a redução
de tarifas em Santos não tem sido repassada integralmente pelos operadores privados aos exportadores.
O tema já chegou à mesa do ministro dos Transportes, Eliseu Padilha.
Ele declarou que sua equipe poderá
denunciar os portos brasileiros nos
órgãos de defesa da concorrência caso as operadoras não aceitem reduzir
os seus preços.
Espera-se ao menos que, diante das
declarações de um ministro e da própria autoridade portuária, não haja
protelações na apuração rigorosa das
práticas portuárias, que são um componente decisivo do custo Brasil.
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