São Paulo, quarta-feira, 04 de outubro de 2006

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Fim das disciplinas

É POSITIVA a decisão da Fuvest de acabar com a divisão de disciplinas na primeira fase de seu vestibular, que seleciona os candidatos que estudarão na USP e outras instituições. A idéia é avançar na interdisciplinaridade e exigir do aluno mais reflexão e menos memorização -objetivos louváveis.
Existe, é verdade, o risco de o fim da divisão em disciplinas resultar numa espécie de nivelamento por baixo, como muitos receiam. Mas há quem defenda que o excesso de conteúdos especializados esteja dificultando a assimilação dos conceitos que realmente importam.
Essa foi a conclusão do Project 2061, grupo de especialistas ligados à Associação Americana para o Progresso da Ciência, após 15 anos analisando "curricula" de ciências nos EUA. Para o Project 2061, as escolas deveriam ensinar menos, mas melhor.
De toda maneira, a Fuvest não pretende uma reforma tão radical. Por ora, quer apenas acabar com a divisão por disciplinas na primeira fase e introduzir no máximo 10% de questões interdisciplinares, nos moldes da prova do Enem, aplicada aos que concluem o segundo grau.
Os efeitos da decisão da fundação paulista vão além de seu vestibular. Os principais concursos de admissão de universitários, caso do da Fuvest, acabam pautando o ensino do país. Escolas e cursinhos procuram ensinar o que será exigido nos exames mais importantes, que, em geral, são os das melhores universidades públicas. Outros processos seletivos, para não inventar demais, também procuram se adequar ao mesmo figurino.
No final, o que a Fuvest e outros grandes vestibulares cobram se torna uma espécie de currículo extra-oficial do país. É oportuno utilizar essa característica para induzir as escolas a ministrar um ensino mais inteligente e integrado.


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