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Fim das disciplinas
É POSITIVA a decisão da Fuvest de acabar com a divisão
de disciplinas na primeira
fase de seu vestibular, que seleciona os candidatos que estudarão na USP e outras instituições.
A idéia é avançar na interdisciplinaridade e exigir do aluno
mais reflexão e menos memorização -objetivos louváveis.
Existe, é verdade, o risco de o
fim da divisão em disciplinas resultar numa espécie de nivelamento por baixo, como muitos
receiam. Mas há quem defenda
que o excesso de conteúdos especializados esteja dificultando a
assimilação dos conceitos que
realmente importam.
Essa foi a conclusão do Project
2061, grupo de especialistas ligados à Associação Americana para
o Progresso da Ciência, após 15
anos analisando "curricula" de
ciências nos EUA. Para o Project
2061, as escolas deveriam ensinar menos, mas melhor.
De toda maneira, a Fuvest não
pretende uma reforma tão radical. Por ora, quer apenas acabar
com a divisão por disciplinas na
primeira fase e introduzir no
máximo 10% de questões interdisciplinares, nos moldes da prova do Enem, aplicada aos que
concluem o segundo grau.
Os efeitos da decisão da fundação paulista vão além de seu vestibular. Os principais concursos
de admissão de universitários,
caso do da Fuvest, acabam pautando o ensino do país. Escolas e
cursinhos procuram ensinar o
que será exigido nos exames
mais importantes, que, em geral,
são os das melhores universidades públicas. Outros processos
seletivos, para não inventar demais, também procuram se adequar ao mesmo figurino.
No final, o que a Fuvest e outros grandes vestibulares cobram se torna uma espécie de
currículo extra-oficial do país. É
oportuno utilizar essa característica para induzir as escolas a
ministrar um ensino mais inteligente e integrado.
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