|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ELIANE CANTANHÊDE
Mea culpa da FAB
BRASÍLIA - A juíza Zilah Petersen
não acatou a denúncia do Ministério Público Militar contra cinco
controladores de vôo do caso Gol
1907, alegando falhas formais, técnicas, mas não entrou no mérito.
Ou seja: não analisou as acusações
nem absolveu os controladores. Só
questionou a forma. A procuradora
Ione de Souza Cruz vai recorrer.
A iniciativa contra os controladores partiu da Aeronáutica, que instaurou um IPM (Inquérito Policial
Militar) paralelo às investigações
do Cenipa, que investiga acidentes
aeronáuticos. A diferença é que o
inquérito visa punir responsáveis.
A investigação tem o objetivo de levantar falhas (humanas, materiais e
operacionais) que levaram ao acidente para poder prevenir novos.
Não tem caráter punitivo.
O IPM foi a base para a procuradora Ione, que denunciou um dos
controladores por homicídio culposo e os demais por inobservância de
lei, regulamento ou instrução. Mas,
independentemente de evoluir ou
não na Justiça Militar, ele já é muito importante. Ao indiciar os controladores (um suboficial e quatro
sargentos) no IPM, a FAB reconheceu que o controle aéreo brasileiro
é falho, operado por alguns profissionais despreparados para uma tarefa de tal responsabilidade, que
pode definir a vida ou a morte. No
Boeing, morreram 154.
Ele revela, também, que o rádio
do Legacy, pilotado por dois americanos, estava na freqüência errada
para a área entre Brasília e Manaus
e simplesmente não funcionou. Por
que estava errada? No documento
confidencial, a FAB diz que o controlador de Brasília não determinou a atualização.
Aliás, isso foi fundamental: os
controladores não se comunicaram
entre si em Brasília, nem com a torre de São José (SP), nem com o Cindacta-4, de Manaus. Acredita-se
que falem bem o português. Imagine como falaram em inglês com o
Legacy?! Quem não se comunica
trumbica os outros.
elianec@uol.com.br
Texto Anterior: São Paulo - Clóvis Rossi: Futebol, asas e incentivos Próximo Texto: Rio de Janeiro - Carlos Heitor Cony: Um cavalo! Um cavalo! Índice
|