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POLÍTICA SOCIAL
A intenção manifestada pelo
presidente eleito Luiz Inácio
Lula da Silva de alçar o combate à fome à condição de prioridade de seu
primeiro ano de governo redespertou o debate acerca da política social
no Brasil. A polêmica sobre o melhor
diagnóstico e a melhor forma de
atender às vítimas da chamada "exclusão social" brasileira será travada,
concretamente, na tramitação do Orçamento da União para 2003, ainda
sob a legislatura e o governo que se
encerram em 31 de dezembro.
Programas de renda mínima, cupons de alimentação e salário mínimo disputarão a mesma fonte de recursos. E o Orçamento do ano que
vem, por sua vez, será um dos mais
restritos dos últimos tempos. Portanto, a discussão sobre a melhor
forma de distribuir esses recursos
nunca foi tão oportuna.
Seria importante que Lula e sua
equipe de transição dessem ouvidos
às críticas de especialistas que apontam na sua intenção de distribuir cupons de alimento um retrocesso na
política social. Além de resvalar no
assistencialismo e no clientelismo
-tradicionais formas de a elite brasileira lidar com a pobreza-, o sistema de cupons corre um sério risco de
tornar-se (como já se viu no passado)
um sumidouro de recursos escassos.
Restaria, portanto, avaliar o que é
melhor: canalizar mais recursos para
os benefícios da Previdência Social
através de um aumento maior do salário mínimo ou aumentar os programas de complementação de renda, como o Bolsa-Escola.
Ambos são programas sociais com
impacto positivo já verificado para a
redução da pobreza, mas cada um
deles atinge um público-alvo diferente. O mínimo beneficia mais a população idosa com direito à aposentadoria rural, bastante concentrada
no Nordeste. Os programas de garantia de renda têm um perfil mais
diversificado de beneficiários, com
destaque para famílias pobres cujos
filhos estão em idade escolar.
Com responsabilidade e sem voluntarismos orçamentários, é possível chegar a uma dosagem equilibrada entre um e outro perfil de programa. O ano que vem poderá ser bastante duro para as populações mais
pobres. Daí a necessidade de fazer o
máximo para minimizar os impactos, nesse segmento, de um ajuste
econômico de caráter recessivo.
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