São Paulo, segunda-feira, 04 de novembro de 2002

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REGRAS DA INFLAÇÃO

Vários analistas já vinham fazendo alertas sobre o aumento da inflação e muitos previam duros ajustes para logo depois do segundo turno. De fato, menos de uma semana depois das eleições, o governo decretou um tarifaço nos combustíveis. Outros aumentos virão, a começar pelo setor elétrico, cuja crise ainda não foi superada.
As metas inflacionárias, nesse contexto, tendem a perder credibilidade. A questão crucial é saber se basta uma mudança nas metas ou se o próprio sistema de metas inflacionárias perderá credibilidade.
As vantagens do regime de metas inflacionárias praticamente se resumem ao seu papel como fonte de credibilidade do compromisso do governo com a austeridade.
Sabe-se que revisões de metas são necessárias. O problema está em saber qual o limite, qual o limiar a partir do qual a frustração atinge não a meta em si, mas o próprio sistema.
Ora, um dos problemas da atual transição é a dificuldade de passar de um sistema rígido para um mecanismo mais flexível que, sendo pragmático, não caia no casuísmo.
Alterações na meta de 2003 são possíveis, dependem apenas de um decreto presidencial que autorize o CMN (Conselho Monetário Nacional) a fazê-las. Em junho, o presidente FHC autorizou o CMN a levar a meta do ano que vem de 3,25% para 4%, com uma margem de 2,5 pontos para cima ou para baixo.
Em sua última ata, o Copom admite que a meta deste ano não será cumprida. Mas será apenas a segunda vez em quatro anos que o BC descumpre a meta fixada.
A dificuldade, no entanto, não está no número de vezes em que se abandona a meta, mas nas condições em que ela é abandonada.
Para promover uma mudança que não contribua para diluir a confiança no sistema é preciso ter regras para mudar as regras. Ou seja, quanto menos casuístas as mudanças, mais tranquila tende a ser a reação dos mercados aos ajustes.


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