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REGRAS DA INFLAÇÃO
Vários analistas já vinham
fazendo alertas sobre o aumento da inflação e muitos previam duros ajustes para logo depois do segundo turno. De fato, menos de uma
semana depois das eleições, o governo decretou um tarifaço nos combustíveis. Outros aumentos virão, a
começar pelo setor elétrico, cuja crise
ainda não foi superada.
As metas inflacionárias, nesse contexto, tendem a perder credibilidade.
A questão crucial é saber se basta
uma mudança nas metas ou se o próprio sistema de metas inflacionárias
perderá credibilidade.
As vantagens do regime de metas
inflacionárias praticamente se resumem ao seu papel como fonte de credibilidade do compromisso do governo com a austeridade.
Sabe-se que revisões de metas são
necessárias. O problema está em saber qual o limite, qual o limiar a partir do qual a frustração atinge não a
meta em si, mas o próprio sistema.
Ora, um dos problemas da atual
transição é a dificuldade de passar de
um sistema rígido para um mecanismo mais flexível que, sendo pragmático, não caia no casuísmo.
Alterações na meta de 2003 são
possíveis, dependem apenas de um
decreto presidencial que autorize o
CMN (Conselho Monetário Nacional) a fazê-las. Em junho, o presidente FHC autorizou o CMN a levar a
meta do ano que vem de 3,25% para
4%, com uma margem de 2,5 pontos
para cima ou para baixo.
Em sua última ata, o Copom admite que a meta deste ano não será
cumprida. Mas será apenas a segunda vez em quatro anos que o BC descumpre a meta fixada.
A dificuldade, no entanto, não está
no número de vezes em que se abandona a meta, mas nas condições em
que ela é abandonada.
Para promover uma mudança que
não contribua para diluir a confiança
no sistema é preciso ter regras para
mudar as regras. Ou seja, quanto
menos casuístas as mudanças, mais
tranquila tende a ser a reação dos
mercados aos ajustes.
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