São Paulo, segunda-feira, 04 de novembro de 2002 |
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TENDÊNCIAS/DEBATES O sonho acabou? ALENCAR BURTI
Creio que o sonho não acabou,
porque entendo que o ser humano
não pode, ou melhor, não deve dele
prescindir.
Entre vitórias e derrotas, chegaram a 2002, e então o PT, por algumas novas lideranças, que evoluíram muito e obtiveram sucesso em sua trajetória, apresentou um novo modelo sem abdicar de seus valores e princípios e, de roupagem nova, apresentou-se à sociedade -principalmente as classes C, D e, mais, a grande maioria da classe média brasileira- e vendeu uma perspectiva de esperança a trabalhadores e micro, pequenos e médios empresários, que imediatamente a compraram, porque o gerente de vendas, o Lula, tinha credibilidade, pela sua história e por inegável coragem e determinação. Inteligente e sofrido, falou com o coração e sua razão foi bem dirigida, para que não fosse traído pelas angústias de um passado que se tornou importante superar. Em se mostrando fraterno, sem ódios e com a certeza de que sua hora havia chegado, identificou-se com a grande maioria dos brasileiros que nele acreditaram porque viam seu espelho, mas temiam o PT, com seus nichos de radicalismo e ódio, que ele, Lula, já havia superado e que os resultados das eleições confirmaram. Agora, minha gente, o companheiro Lula pode continuar companheiro, mas é presidente do país e, como tal, tem que ser entendido, sabendo que suas margens de erro e dúvidas, condicionadas pelo cargo, se estreitam; as pressões serão imensas, internas e externas, locais e internacionais. Mas nós todos que divergimos dele em alguns pontos temos que dar um tempo para que ele possa ratificar as promessas do candidato e mostrar que o possível será feito, com a urgência que as carências exigem; mas o desejável irá se buscar com paciência, pelo diálogo e sem prepotência, convidando os que amam o Brasil a apresentarem projetos e meios de execução. Que, num esforço brutal (com os sacrifícios necessários em busca da correção de nossas assimetrias e, principalmente, de uma independência econômica e política), possamos, daqui a quatro anos, sonhando juntos, dizer "este é o Brasil que desejávamos". Alencar Burti é presidente da Facesp (Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo) e da ACSP (Associação Comercial de São Paulo). Texto Anterior: Frases Próximo Texto: Ricardo Abramovay: Caminhos da luta contra a pobreza rural Índice |
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