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PAINEL DO LEITOR
Combate à fome
"Tenho sentido um certo incômodo
com tudo o que vem sendo dito na imprensa sobre o projeto Fome Zero.
Fiquei ainda mais incomodada com o
que escreveu a doutora Zilda Arns ("Tendências/ Debates", pág. A3, 2/11) -sobre
ser preciso "valorizar os caminhos já
abertos". Acredito que os programas
existentes só sirvam como referência para que se faça diferentemente.
Conheço de perto o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti), o
Bolsa-Escola, o Bolsa-Alimentação, o
Renda Cidadã, o Programa de Saúde da
Família (PSF) e o Programa de Interiorização do Trabalho em Saúde (Pits). Sei
que na teoria são muito bons, mas na
prática...
Programas sociais e de saúde devem
ter supervisão intensa. É revoltante ver
municípios inventando dados para não
perder recursos. Somos mais de 50 milhões de eleitores que não tivemos medo
de mudar. Todos devemos acompanhar
de perto o combate à fome para que esse
projeto não seja apenas mais um."
Larissa Gerin (Cardoso, SP)
"Concordo plenamente com o senhor
Carlos Alberto Ramos sobre o projeto
Fome Zero ser um retrocesso na política
de combate à fome. Também concordo
com a doutora Zilda Arns quando ela diz
ter "dúvidas" sobre a eficiência da utilização de cupons.
Trabalho na Caixa Econômica Federal,
que atende 4.999 famílias carentes de
seis municípios. Vivencio o cadastramento único (decreto 3877/2001, base
única para pagamento dos benefícios
atuais) e também a entrega dos cartões e
o pagamento em dinheiro às famílias.
Percebo que as famílias conhecem as
suas reais necessidades.
Acabar com o sistema de pagamento
por meio de cartão e substituí-lo por cupons ou por vales seria um retrocesso."
José Humberto Sczepanski
(Jacarezinho, PR)
"Os artigos da doutora Zilda Arns e do
senhor Carlos Alberto Ramos, embora
"divididos" pelo sim e pelo não, na verdade concordam com a importância de
atacar o problema da fome e alertam para o risco de que isso seja feito pelo sistema de cupons.
Não conheço o professor Ramos, mas
conheço bem e respeito a doutora Zilda
Arns e o trabalho da Pastoral da Criança.
Passo agora a conhecer e a respeitar
também o professor Ramos, cuja opinião sobre os cupons é, basicamente, a
mesma que a da doutora Zilda -e ambas parecem-me corretas.
O que mais importa, entretanto, é perceber este maravilhoso momento que vivemos, quando começamos a debater
temas tão preocupantes de forma tão séria e abordando o "como fazer", pois o
"que fazer" já foi definido."
Marco Antonio Fontes de Sá
(São Paulo, SP)
Messianismo
"Considero precipitadas as declarações
do sociólogo José de Souza Martins ("Lula reaviva sebastianismo, diz sociólogo",
Brasil, pág. A13, 3/11) de que "a eleição
do petista tem origem messiânica". Da
mesma forma, na minha opinião, são
extemporâneas as análises dos intelectuais que vêem Lula como o "antimessias".
O simples fato de Lula ter sido iniciado
na vida política por religiosos da Igreja
Católica progressista não explica, nem
muito menos justifica, a ilação sociológica com movimentos de caráter sebastianista. Também não vejo nenhuma razão
para que se estabeleça uma comparação
entre Lula e Getúlio Vargas. Getúlio era
cognominado, ou auto-intitulava-se, o
"pai dos pobres". Lula, pelo que se sabe
de sua biografia e pelo que publicam os
jornais, cultiva de forma obstinada as
possibilidades de mudanças sociais, políticas, econômicas e culturais com a
participação do povo, tendo a "esperança" como palavra de ordem.
Imaginar o presidente recém-eleito
como "messias", "antimessias", "sebastianista" e, principalmente, "populista" é
querer antecipar análises sociológicas,
antropológicas e políticas que somente
terão clareza e credibilidade científica
com a experiência do governo e o passar
do tempo."
Sinvaldo do Nascimento Souza
(Rio de Janeiro, RJ)
"É sempre gratificante ler Marilena
Chauí. Mas não posso concordar com
sua observação de que a formação e a
história política de Lula "vão na direção
exatamente contrária à das tradições populista e messiânica" ("A mudança a caminho", "Tendências/ Debates", pág. A3,
3/11). O surgimento e o crescimento do
messianismo são fenômenos que, a partir de um determinado momento, já não
dependem mais do líder que os desencadeou.
O fato é que o discurso do candidato
criou esperança para os desesperançados que percebem Lula envolto numa
aura de graça ou de carisma -como o
vencedor dos opressores.
O que me preocupa é que o herói e o
mito já estão construídos no imaginário
popular, como bem ilustrou a foto da
Primeira Página de ontem."
Izidoro Blikstein, professor de
comunicações e semiótica da Eaesp-FGV
(São Paulo, SP)
Álcool
"Moro na região onde mais se produz
álcool no país. Há cerca de dois meses, o
litro desse produto era encontrado na
maioria dos postos de combustíveis por
cerca de R$ 0,60. Hoje, está sendo vendido entre R$ 1,10 e R$ 1,20. Um aumento
de quase 100% em 60 dias.
Será que dá para confiar nos usineiros
caso o Pró-Álcool seja novamente implantado? Quem tiver a pretensão de
comprar um carro movido a álcool deve
ficar atento a esse detalhe."
Heitor Caetano do Nascimento
(Batatais, SP)
Paz e amor
"Parabéns a Carlos Heitor Cony pelo
artigo "Versão nova da Pietá na cidade
sem Deus" (Ilustrada, pág. E14, 1º/11).
Deflagremos greve geral contra a violência que nos é enfiada goela abaixo pelos canais de comunicação e, sobretudo,
pela sétima arte. Já não temos livre-arbítrio em relação a conviver com a violência em nosso dia-a-dia.
Queremos paz e amor."
Maria Inês Prado
(São João da Boa Vista, SP)
DF
"Como brasiliense nata, registro aqui
minha indignação com o que vem ocorrendo em Brasília e peço, humildemente,
socorro aos meios de comunicação.
Aqui, a alegria ficou prejudicada por
um forte sentimento de tristeza, compartilhado por todos aqueles que, em detrimento de possíveis interesses pessoais,
pensam no futuro da nossa cidade como
um futuro justo, democrático, sem corrupção, sem grilagem de terras públicas e
sem atos que atentem contra a liberdade
de expressão.
Menos de três dias antes das eleições, a
cidade ficou estarrecida com a censura
imposta ao jornal "Correio Braziliense".
Um dia depois, tivemos a triste e amedrontadora notícia de que os seus diretores haviam pedido demissão.
Em 28/10, metade da população do DF
não pôde comemorar a vitória de Lula
tamanha era indignação com a vitória do
atual governador."
Luísa Braun Galvão (Brasília, DF)
Emoção
"Estou louco para ver com que cara o
deputado Paulo Paim (eleito senador)
irá defender o salário mínimo de R$ 500,
conforme fazia no passado recente.
Os próximos lances do PT prometem
muita emoção e revelarão o quanto FHC
tinha razão e senso de responsabilidade
em suas propostas e ações de governo."
Rodrigo Borges de Campos Netto
(Brasília, DF)
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