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Editoriais
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Intolerância na rede
Uma parcela minoritária de
eleitores insatisfeitos com a vitória de Dilma Rousseff incentivou
uma onda de mensagens preconceituosas na internet contra nordestinos -aos quais atribui o sucesso eleitoral da ex-ministra.
Ataques mais extremados vociferam desejos separatistas e propõem, numa sombria caricatura
nazista, que se construam "câmaras de gás" para eliminar a população do Nordeste.
São demonstrações que vêm no
rastro do discurso sectário e da
disputa política desqualificada
que encontram na rede de computadores fértil território para prosperar. Ataques de baixo nível,
ofensas, injúrias e disseminação
intencional de boatos -nada disso faltou nos palanques virtuais
ao longo da campanha eleitoral.
O caráter até certo ponto ambíguo das manifestações que acontecem nas chamadas redes sociais, nas quais conversas entre
pessoas e comunidades transitam
numa zona cinzenta entre o público e o privado, contribui para afirmar o mito do "território livre" que
acompanha a internet desde o início de sua difusão. É como se ali
todos estivessem protegidos não
pelas leis, mas das leis -que só
valeriam para casos extremos como crimes financeiros ou sexuais.
Não é demais lembrar que há no
Brasil legislação para punir manifestações de racismo, não fazendo
nenhuma ressalva para quando
elas irrompem na internet. É acertada, portanto, a decisão da seção
pernambucana da Ordem dos Advogados do Brasil de denunciar,
por racismo e incitação de crime,
uma das responsáveis pelos ataques ao afirmar em sua página
que "nordestino não é gente".
No mais, embora não seja este o
cerne da questão, são incorretas
as informações utilizadas pelos
promotores da intolerância como
esteio para a sua falta de razão.
Em que pese a larga margem conquistada por Dilma Rousseff sobre
José Serra em Estados do Nordeste, a petista venceria o pleito mesmo se os votos da região não fossem computados.
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