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MARCOS AUGUSTO GONÇALVES
Centrão 1 x 0 Serra
SÃO PAULO - O fato é que, em linguagem futebolística, o prefeito José Serra levou uma bola entre as pernas e sofreu um gol contra logo no início
do jogo ao ver seu candidato Ricardo
Montoro ser derrotado pelo "correligionário" Roberto Tripoli na eleição
para a presidência da Câmara Municipal. Culpar o PT pelo ocorrido é
conveniente, pois relembra ao governo federal o compromisso tácito da
reciprocidade, princípio básico dos
acertos de bastidores da "transição
civilizada".
Está certo que o PT não foi "fair", pois, mesmo contando com uma
bancada igual à do PSDB, conspirou para que o Executivo não concretizasse suas pretensões -desrespeitando as regras do jogo, que não estão escritas, mas são claras: o partido
com maior bancada faz o presidente,
valendo, em caso de empate nesse
quesito, a voz das urnas na eleição
majoritária. É verdade também que
o petismo capciosamente pode dizer
que votou num político do partido
governista -e Tripoli, por sua vez,
que evitou uma derrota pior.
Malandragens à parte, certo é que
dificilmente o golpe teria acontecido
se os articuladores políticos do PSDB
ao menos controlassem seu próprio
partido -deficiência, aliás, que o tucanato costuma apontar no PT, de
fato sempre às voltas com seus dissidentes e "traidores".
Dois personagens importantes nesse palco são o vereador José Aníbal,
ex-presidente do PSDB, e o chamado
centrão -o coro fisiológico que conduz o espetáculo sob o comando de
Milton Leite (PMDB), Antonio Carlos Rodrigues (PL) e Celso Jatene
(PTB). Aníbal, o vereador mais votado da cidade, foi preterido na sua
pretensão de presidir a Câmara e
não parecia muito desolado ou surpreso com o que se passou. Já o centrão, claro, é só alegria com as perspectivas de vender facilidades para
solucionar a dificuldade que criou.
Especula-se até que ponto o problema paulistano irá atrapalhar os planos do PT para o Legislativo federal.
O abalo de São Paulo já está fazendo
marola, mas parece difícil que origine um tsunami capaz de varrer as
conchas do Congresso.
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