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IGOR GIELOW
Quem vai perder
BRASÍLIA - Quem ganha com esse imbróglio petista-tucano envolvendo
os Legislativos paulistano e federal é
questão em aberto, a ser respondida
talvez no próximo round eleitoral. Já
quem tende a perder é certo: os eleitores, em especial os de São Paulo.
Na verdade, interessa pouco ao cidadão comum o nome que presidirá
a Câmara dos Deputados -exceto,
claro, na hipótese da ausência definitiva de presidente e vice. A Casa, assim como o Senado, funciona quase sempre na base de acordos, consensos. É só ver a enxurrada de aprovações de última hora, significativamente chamadas de "simbólicas" no
jargão legislativo, no fim do ano.
Desde a redemocratização, houve
presidentes da Câmara bons, medíocres e ruins. Para o rito legislativo,
praticamente tanto faz. Ele tem uma
vida própria, geralmente ditada pelo
interesse do Executivo -85% dos
principais projetos aprovados em
2004 vieram da cozinha do Planalto.
Com o casuísmo da reeleição enterrado, voltamos ao ramerrame de toda troca de Mesa, com as contestações de praxe. A dificuldade do PT de
fazer valer sua posição de maioria
deverá ser apenas temporária, ainda
que salte aos olhos a falta de nomes
no partido capazes de gerar consenso.
Sem nenhum juízo de mérito pessoal, os nomes petistas na mesa não
são exatamente gregários. Vejamos o
candidato oficial, Luiz Eduardo
Greenhalgh. Será curioso ver o ativista pró-MST presidindo uma sessão
para debater crédito agrícola com
150 ruralistas bufando em seu cangote.
Mas a novidade é a troca de fogo
com a Câmara Municipal de São
Paulo. O precedente é perigoso. Vereadores conflagrados numa Casa dividida funcionam de forma diferente
de deputados amaciados por emendas orçamentárias num plenário
com maioria governista. Na capital
paulista, além disso, o escrutínio público é muito maior, pela proximidade do fórum com o eleitorado.
A radicalização pode levar a uma
paralisia que interessará a alguns em
ambos os lados, mas dificilmente será
útil àqueles que os colocaram lá.
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