|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ANARQUIA PALESTINA
À véspera das eleições legislativas palestinas marcadas para
o dia 25 deste mês, a situação na faixa
de Gaza vai se mostrando cada vez
mais caótica. A administração de
Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP),
parece já não controlar nem suas
próprias forças de segurança.
Nos últimos dias, policiais rebelados invadiram vários edifícios governamentais disparando tiros para o
alto. Além disso, cidadãos estrangeiros estão sendo seqüestrados. Para
evitar que terroristas lancem foguetes contra cidades judaicas, o Exército israelense impôs uma zona de exclusão no norte da região.
Já há na ANP quem peça o adiamento do pleito. É que o surto de
anarquia reflete tentativas dos diversos grupos palestinos de posicionar-se para a eleição. Parte das dificuldades deve-se ao fato de que o partido
de Abbas, o Fatah, está rachado.
De um lado, está a chamada velha
guarda, composta por companheiros de exílio de Iasser Arafat. São políticos tidos pela população como
corruptos e ineficientes, mas que lutam para manter-se no poder. Do outro lado está uma geração de líderes
mais jovens bastante populares. Eles
ameaçaram lançar-se candidatos numa lista em separado, mas acabaram
recuando depois de conseguir arrancar várias concessões de Abbas.
Essa disputa fratricida favorece o
fortalecimento do extremista Hamas, que pela primeira vez participará das eleições legislativas. Estima-se
que esse grupo que mescla atividades
terroristas, políticas e filantrópicas
ficaria com algo entre um quinto e
metade das cadeiras do Parlamento.
Seria uma incógnita o comportamento da política palestina e de sua
relação com Israel na hipótese de vitória do Hamas. E a internação às
pressas de Ariel Sharon, ontem em
Jerusalém, com hemorragia cerebral
só aumenta o grau de incerteza
quanto ao futuro do Oriente Médio.
Texto Anterior: Editoriais: PRESSÃO NA BOMBA Próximo Texto: São Paulo - Clóvis Rossi: Náufragos Índice
|