São Paulo, quinta-feira, 05 de janeiro de 2006

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ANARQUIA PALESTINA

À véspera das eleições legislativas palestinas marcadas para o dia 25 deste mês, a situação na faixa de Gaza vai se mostrando cada vez mais caótica. A administração de Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), parece já não controlar nem suas próprias forças de segurança.
Nos últimos dias, policiais rebelados invadiram vários edifícios governamentais disparando tiros para o alto. Além disso, cidadãos estrangeiros estão sendo seqüestrados. Para evitar que terroristas lancem foguetes contra cidades judaicas, o Exército israelense impôs uma zona de exclusão no norte da região.
Já há na ANP quem peça o adiamento do pleito. É que o surto de anarquia reflete tentativas dos diversos grupos palestinos de posicionar-se para a eleição. Parte das dificuldades deve-se ao fato de que o partido de Abbas, o Fatah, está rachado.
De um lado, está a chamada velha guarda, composta por companheiros de exílio de Iasser Arafat. São políticos tidos pela população como corruptos e ineficientes, mas que lutam para manter-se no poder. Do outro lado está uma geração de líderes mais jovens bastante populares. Eles ameaçaram lançar-se candidatos numa lista em separado, mas acabaram recuando depois de conseguir arrancar várias concessões de Abbas.
Essa disputa fratricida favorece o fortalecimento do extremista Hamas, que pela primeira vez participará das eleições legislativas. Estima-se que esse grupo que mescla atividades terroristas, políticas e filantrópicas ficaria com algo entre um quinto e metade das cadeiras do Parlamento.
Seria uma incógnita o comportamento da política palestina e de sua relação com Israel na hipótese de vitória do Hamas. E a internação às pressas de Ariel Sharon, ontem em Jerusalém, com hemorragia cerebral só aumenta o grau de incerteza quanto ao futuro do Oriente Médio.


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