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PRESSÃO NA BOMBA
O preço do álcool hidratado,
combustível que volta a ganhar espaço no Brasil, passa por um
forte reajuste. A despeito de ter aumentado 28% no ano passado, já iniciou 2006 subindo mais 6%, em média, nas bombas do país. O impacto
dessa alta começa a afetar a gasolina
vendida ao consumidor, que contém
álcool anidro como solvente.
A queda-de-braço entre produtores
e distribuidores para decidir os culpados pelo surto de alta do álcool
voltou, relembrando controvérsias
do passado. Os primeiros se dizem
reféns das distribuidoras. Reclamam
da ausência de contratos de longo
prazo de compra de álcool, o que ajudaria a conter a flutuação de preços,
bastante acentuada conforme o ciclo
da cana-de-açúcar seja de safra ou de
entressafra (período atual).
Distribuidores dizem que os usineiros, diante da alta dos preços internacionais do açúcar, produzem
menos álcool, o que força o preço interno do combustível para cima.
Há um pouco de razão em cada argumento. É preciso considerar também o aumento da procura por álcool advindo da crescente frota de
automóveis bicombustíveis. O motor que admite álcool e/ou gasolina,
por sinal, foi a melhor ferramenta
surgida, desde a criação do Proálcool
(1975), para dar ao consumidor um
importante poder de arbitragem nesse mercado sempre problemático.
Já o governo tarda muito para ativar
o dispositivo que tem à mão, que é o
de diminuir, dos atuais 25%, a quantidade de álcool anidro que deve ser
misturado à gasolina vendida nos
postos. Isso poderia abrandar a pressão nos preços da própria gasolina e,
em tese, daria margem à ampliação
da oferta de álcool hidratado.
No mais, é esperar que o aperfeiçoamento das práticas de mercado
nesse setor -como o avanço da frota bicombustível e a utilização de
contratos de longo prazo de compra
e venda de álcool- dêem conta de
regular com mais eficiência a relação
entre produtores, distribuidores e
consumidores.
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