São Paulo, quinta-feira, 05 de janeiro de 2006

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PRESSÃO NA BOMBA

O preço do álcool hidratado, combustível que volta a ganhar espaço no Brasil, passa por um forte reajuste. A despeito de ter aumentado 28% no ano passado, já iniciou 2006 subindo mais 6%, em média, nas bombas do país. O impacto dessa alta começa a afetar a gasolina vendida ao consumidor, que contém álcool anidro como solvente.
A queda-de-braço entre produtores e distribuidores para decidir os culpados pelo surto de alta do álcool voltou, relembrando controvérsias do passado. Os primeiros se dizem reféns das distribuidoras. Reclamam da ausência de contratos de longo prazo de compra de álcool, o que ajudaria a conter a flutuação de preços, bastante acentuada conforme o ciclo da cana-de-açúcar seja de safra ou de entressafra (período atual).
Distribuidores dizem que os usineiros, diante da alta dos preços internacionais do açúcar, produzem menos álcool, o que força o preço interno do combustível para cima.
Há um pouco de razão em cada argumento. É preciso considerar também o aumento da procura por álcool advindo da crescente frota de automóveis bicombustíveis. O motor que admite álcool e/ou gasolina, por sinal, foi a melhor ferramenta surgida, desde a criação do Proálcool (1975), para dar ao consumidor um importante poder de arbitragem nesse mercado sempre problemático.
Já o governo tarda muito para ativar o dispositivo que tem à mão, que é o de diminuir, dos atuais 25%, a quantidade de álcool anidro que deve ser misturado à gasolina vendida nos postos. Isso poderia abrandar a pressão nos preços da própria gasolina e, em tese, daria margem à ampliação da oferta de álcool hidratado.
No mais, é esperar que o aperfeiçoamento das práticas de mercado nesse setor -como o avanço da frota bicombustível e a utilização de contratos de longo prazo de compra e venda de álcool- dêem conta de regular com mais eficiência a relação entre produtores, distribuidores e consumidores.


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