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ARRECADAÇÃO ESTÉRIL
A arrecadação de tributos no
Brasil não pára de subir. Segundo cálculos de uma instituição
privada, em 2002 a carga tributária
-ou seja, o peso dos impostos como porcentagem do PIB do país-
subiu pelo sexto ano consecutivo e
chegou ao nível recorde de 36,5%.
Os cálculos requeridos para estimar a carga tributária são complexos
e polêmicos, de modo que é provável
que surjam contestações a esse valor.
Mas, mesmo que outras estimativas
apontem valor um pouco menor,
muito dificilmente elas colocarão em
dúvida a constatação de que a carga
tributária sobe há anos e continua
em ascensão. O próprio IBGE, instituição do governo federal, ao calcular as contas nacionais registra uma
alta progressiva e rápida da carga tributária nos últimos anos.
O cidadão que paga cada vez mais
impostos não percebe uma melhora
proporcional dos serviços a ele oferecidos pelo poder público. A razão
disso é evidente: o grosso do aumento da arrecadação não flui para o reforço dos gastos na oferta de serviços
ou para outras iniciativas voltadas a
aumentar o bem-estar da população.
O avanço sobre o bolso do contribuinte tem outra destinação: essencialmente, arcar com a carga -também sempre crescente, nos últimos
anos- das despesas financeiras do
setor público. E a despeito desse esforço renovado, a dívida pública continua a se expandir.
A razão principal disso é a prática,
por anos a fio, de juros muito altos. A
política econômica se vê enredada
num arranjo perverso: a política monetária pressiona a dívida pública e
coloca a política fiscal a seu reboque,
pressionada a conter gastos e aumentar impostos.
Os "efeitos colaterais" desse arranjo são graves: sacrifica-se a renda que
os cidadãos têm à sua disposição; e
onera-se a competitividade da produção nacional. Prejudica-se, assim,
tanto o crescimento da economia como a saúde das contas externas e o
combate à inflação.
A reforma tributária seria um dos
passos para desmontar essa armadilha. Mas, sem uma rearticulação do
desenho geral da política econômica, não seria resposta suficiente.
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