|
Próximo Texto | Índice
SINAIS
Há cada vez mais sinais de que
as dificuldades da política econômica diante da inflação e a batalha
pela confiança causam desconforto
ao presidente Lula.
Primeiro, o presidente teria atacado
as agências setoriais, que impedem o
controle estatal das tarifas em serviços de infra-estrutura privatizados.
Foi a crítica ao país "terceirizado".
Pouco tempo depois, ainda segundo relatos indiretos, o presidente Lula teria resistido a um aumento ainda
maior das taxas de juros na reunião
mais recente do Copom.
Escaramuças de menor calibre já
ocorrem em torno da reorganização
do Estado para desenhar e implementar políticas sociais e setoriais.
Para os críticos de oposição, o governo não tem projeto e aumenta o
risco de retorno a práticas clientelistas. Seriam exemplos o risco de conversão do BNDES em "hospital" de
empresas falidas e a criação de um
modelo inspirado na experiência das
"câmaras setoriais".
No Banco Central, há duas fontes
de instabilidade. De um lado, a frustração de metas inflacionárias após
sucessivas elevações de juros produz
um desgaste do modelo. Quanto
maiores as dúvidas sobre a sustentabilidade do regime de metas, maior
será a fuga de capitais rumo a refúgios como o dólar, pressionando
ainda mais a inflação. É um círculo
vicioso que coloca riscos crescentes
para as políticas do BC.
Também no Banco Central permanece uma sombra de indefinição política e institucional, seja pelo futuro
incerto da atual diretoria, seja pela
probabilidade, aparentemente menor, de que o projeto de autonomia
seja aprovado rapidamente.
A leitura otimista desses sinais sugere que o governo Lula pode estar
aos poucos se abrindo para uma nova proposta de política econômica.
O pior cenário, no entanto, é o que
traduz esses sinais numa tendência
crescente à inconsistência do modelo num ambiente inflacionário e de
restrições cada vez mais fortes ao crescimento econômico.
Próximo Texto: Editoriais: POPULAÇÃO GLOBAL Índice
|