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São Paulo, quarta-feira, 05 de março de 2003

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SINAIS

Há cada vez mais sinais de que as dificuldades da política econômica diante da inflação e a batalha pela confiança causam desconforto ao presidente Lula.
Primeiro, o presidente teria atacado as agências setoriais, que impedem o controle estatal das tarifas em serviços de infra-estrutura privatizados. Foi a crítica ao país "terceirizado".
Pouco tempo depois, ainda segundo relatos indiretos, o presidente Lula teria resistido a um aumento ainda maior das taxas de juros na reunião mais recente do Copom.
Escaramuças de menor calibre já ocorrem em torno da reorganização do Estado para desenhar e implementar políticas sociais e setoriais.
Para os críticos de oposição, o governo não tem projeto e aumenta o risco de retorno a práticas clientelistas. Seriam exemplos o risco de conversão do BNDES em "hospital" de empresas falidas e a criação de um modelo inspirado na experiência das "câmaras setoriais".
No Banco Central, há duas fontes de instabilidade. De um lado, a frustração de metas inflacionárias após sucessivas elevações de juros produz um desgaste do modelo. Quanto maiores as dúvidas sobre a sustentabilidade do regime de metas, maior será a fuga de capitais rumo a refúgios como o dólar, pressionando ainda mais a inflação. É um círculo vicioso que coloca riscos crescentes para as políticas do BC.
Também no Banco Central permanece uma sombra de indefinição política e institucional, seja pelo futuro incerto da atual diretoria, seja pela probabilidade, aparentemente menor, de que o projeto de autonomia seja aprovado rapidamente.
A leitura otimista desses sinais sugere que o governo Lula pode estar aos poucos se abrindo para uma nova proposta de política econômica.
O pior cenário, no entanto, é o que traduz esses sinais numa tendência crescente à inconsistência do modelo num ambiente inflacionário e de restrições cada vez mais fortes ao crescimento econômico.


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