São Paulo, quarta-feira, 05 de março de 2003 |
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ANTONIO DELFIM NETTO Câmbio e juros
A política de metas de inflação
que adotamos em 1999, depois do
Brasil ter sido salvo do "default" pelo
empréstimo de US$ 45 bilhões coordenado pelo FMI, está agora sob grande pressão. Ainda no governo FHC,
mudou-se a "meta" duas vezes, e, já
no governo atual, estabeleceu-se uma
"meta intermediária" de 8,5% para
dezembro de 2003. Por efeito de uma
tragédia aritmética implícita no cálculo da média móvel da taxa de inflação
anual (saem do cálculo meses com
menor inflação e entram meses com
maior inflação), a nova meta parece
ambiciosa, porque a taxa de inflação
anual vai continuar subindo durante
algum tempo mesmo com uma política monetária restritiva (elevação da
taxa de juro real e aumento do compulsório). Se a meta fosse de 8%, os preços livres só poderiam crescer 3,3%, o que mostra que ela deve ser cuidadosamente realista para ter credibilidade. O exemplo dramatiza a imensa pressão que precisa ser feita sobre os "preços livres" por meio da redução da demanda global, o que se faz pelo aumento da taxa de juro real. É por isso que, no regime de metas inflacionárias, quando o câmbio se desvaloriza (sobe), o Banco Central aumenta a taxa de juro. Não para "controlar" o câmbio, como se ouve algumas vezes, mas para reduzir a demanda dos bens livres. O câmbio é uma variável endógena que não pode, sem graves consequências, ser controlada. Antonio Delfim Netto escreve às quartas-feiras nesta coluna. dep.delfimnetto@camara.gov.br Texto Anterior: Rio de Janeiro - Carlos Heitor Cony: Existem cinzas ainda Próximo Texto: Frases Índice |
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