São Paulo, sexta-feira, 05 de março de 2004

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PAINEL DO LEITOR

Perguntas
"A Folha noticiou que foram cerca de 50 as perguntas dirigidas ao senhor Waldomiro Diniz na Polícia Federal ("Waldomiro diz à PF que só fala em juízo", Brasil, 3/3). Na mesma reportagem, pude saber que não lhe foram feitas perguntas a respeito de seu chefe. Faltou, portanto, a pergunta simples, objetiva e esclarecedora: "O senhor José Dirceu sabia?". Nem que fosse para ouvirmos como resposta: "Só declaro em juízo"."
Edson José Freire (São Paulo, SP)

Ética
"Bioética é isso aí? Está de parabéns a Folha pela divulgação do comportamento de cientistas forjando assinaturas no documento enviado ao Senado ("Carta de cientistas teve assinaturas forjadas", Ciência, 4/3). Esses cientistas-lobistas, na corrida pelos óvulos e embriões humanos, demonstram na prática o conceito que professam da ética. A doutora Oda deu assim grande contribuição para reforçar a tese da necessidade do controle social da tecnociência. É nessas mãos que vamos deixar a manipulação da vida?"
Ana Regina Gomes dos Reis (Jundiaí, SP)

Correlação
"Não sei se foi por coincidência ou de forma proposital, mas os artigos publicados ontem na pág. A3 ("Estado e mercado, fronteiras da corrupção", de Francisco de Oliveira, e "PIB oficial e PIB real", de Adib Jatene) têm tamanha correlação entre si que poderiam se complementar num único pensamento. Temos presenciado, no trabalho desenvolvido pelo Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial -Etco-, uma visível correlação entre as práticas ilegais de concorrência -notadamente aquelas que envolvem sonegação, adulteração e falsificação de produtos e contrabando- e a corrupção, o que retarda ainda mais o processo de retomada do desenvolvimento do nosso país. Cumprimento os articulistas pela clareza na exposição das idéias e a Folha por tê-los publicado no mesmo dia e na mesma página. Feliz coincidência ou brilhante edição."
Emerson Kapaz, presidente do Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial (São Paulo, SP)

 

"O artigo do doutor Adib Jatene publicado ontem ('PIB oficial e PIB real') deveria ser distribuído de mão em mão a cada cidadão brasileiro. O ilustre cirurgião faz um diagnóstico preciso da combalida situação do nosso país e aponta as causas de tudo isso. "Na base de todo o nosso problema, encontra-se a corrupção, que deveria ser combatida em todos os níveis". O doutor Jatene sabe do que fala. Gostaria de reiterar minha grande admiração por ele e minha absoluta concordância com suas lúcidas colocações."
Ricardo Izar, deputado federal pelo PTB-SP (São Paulo, SP)

Tradição
"Infelizmente, pensamos que a Folha vem repetindo tristemente uma tradição em nosso país. A exemplo de outros veículos consagrados, o jornal tornou-se hoje imprensa "partidária". Abriu mão dos preceitos jornalísticos em prol de uma posição de centro-direita radicalmente oposicionista e hipocritamente disfarçada com uma pretensa isenção. Se quiséssemos um jornal partidário com esse posicionamento, assinaríamos o jornal do PSDB ou do PFL. O que se verifica nesse histórico jornal é que os preceitos da verdade e do interesse público são deixados de lado em prol de interesses políticos e mercadológicos. A prática do jornalismo, objetivamente, significa reportar fatos e realizar análises de forma plural e democrática. Todo o resto, a começar pelas infindáveis especulações e terminando com a fabricação de notícias e a "fritura" de personalidades, representa servir a interesses e tentar manipular a opinião pública."
Augusto Patrini Menna Barreto Gomes, bacharel em comunicação, professor e tradutor e Sergio Andrade, sociólogo (São Paulo, SP)

BBB
"Gostaria de expressar a minha opinião sobre o programa "Big Brother Brasil 4" (BBB). Assim como muitos brasileiros, continuo achando-o ridículo. Em nada contribui para o enriquecimento da cultura nacional, a exemplo do que ocorreu nas edições anteriores. Lamento pelo colega Pedro Bial, que trabalha tão bem no "Fantástico" ao lado da simpática Glória Maria e nas maravilhosas reportagens que fizeram tanto no Brasil como no exterior. No entanto, quando chega a época do "BBB", dá pena ver o talentoso jornalista servindo de elo entre os participantes dessa vulgaridade, no qual rola tudo que não presta -como erotismo barato, vícios, falsidade, inveja, traição, complô, baboseiras e outros maus exemplos semelhantes aos que se viram na novela "Kubanacan". É notória a assustadora decadência da Rede Globo após a saída do genial Boni e de alguns excelentes jornalistas e artistas. A atual programação, excetuando-se os tradicionais "Jornal Nacional", "Globo Rural", "Globo Repórter" e algumas minisséries históricas, é horrível e sem criatividade."
Antonio Domínguez Calvo, conselheiro da Ordem dos Jornalistas do Brasil (Rio de Janeiro, RJ)

Fé e promessas
"Concordo com Otavio Frias Filho quando, na coluna "A culpa do povo" (Opinião, pág. A2, 4/3), ele diz que devemos adotar atitudes mais realistas em relação às promessas de governo. Mas, por outro lado, o próprio governo (leia-se o PT) não deveria prometer fórmulas mágicas para acabar com a fome, com o desemprego e com outros problemas do nosso país."
Andréia Santos Rosa (Guaratinguetá, SP)

Processamento de dados
"A propósito da reportagem "Serviço Federal que processa dados contrata sem licitação, diz sindicato" (Brasil, 28/2), a License Company pede que sejam publicados os seguintes esclarecimentos: 1) a reportagem noticia a ausência de processo de licitação para a contratação pelo Serpro. Isso, no entanto, não enseja a conclusão de que não tenha havido competição prévia para a contratação; 2) foi omitido o fato de que a License Company participou, com outros nove concorrentes, de pesquisa de preços promovida pelo Serpro para a contratação. O critério de escolha foi o de menor preço, e a License sagrou-se vencedora por apresentar a sua proposta no valor de R$ 5.877.068,76, enquanto o segundo colocado apresentou proposta no valor de R$ 6.429.525,00 e o último colocado propôs o valor de R$ 9.123.600,84; 3) foi omitido também o fato de que a proposta da License representa economia expressiva aos cofres públicos, uma vez que é 40% inferior ao valor proposto pela empresa que prestava o mesmo serviço diretamente ao Ministério do Planejamento; 4) a reportagem foi imprecisa, já que o valor de R$ 25 milhões corresponde ao valor total do contrato entre o Ministério do Planejamento e o Serpro. A License está sendo contratada para prestar apenas uma parte desse serviço pelo valor de R$ 5,8 milhões em caráter emergencial; 5) a License apóia todas as atitudes dos órgãos de controle no sentido de averiguarem a lisura do procedimento. Diante da decisão do TCU tomada nesta quarta-feira, 3/3, informa que assinará o contrato administrativo com o Serpro; 6) fica assim explícita a inexistência de qualquer favorecimento para a License, sendo descabida a insinuação de favorecimento contida na reportagem."
Terence Zveiter, diretor jurídico do grupo TBA (Brasília, DF)

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