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CONSUMO ABATIDO
Foi assim nos anos 80 e 90, e a
receita continua sob a administração Lula: a estabilização de preços
se faz a golpes de política recessiva,
deprimindo o crescimento econômico no longo prazo e colocando setores industriais em virtual estagnação.
Não se trata de mera figura retórica. Dados do IBGE confirmam que
desde 1999 a produção da indústria
de bens semiduráveis e não-duráveis
de consumo está estagnada.
Um estudo do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), publicado pelo jornal "Valor", identifica bolsões de estagnação na estrutura industrial brasileira,
não por acaso aqueles que mais diretamente dependem do nível e da distribuição da renda no país.
O outro lado da estagnação na indústria é a redução do consumo. Se a
produção física fica estável enquanto
a população cresce, o resultado líquido é, na média, a piora do padrão de
consumo. Ainda segundo o Iedi, a
perda de consumo foi de R$ 11 bilhões entre 1999 e 2002 em seis regiões metropolitanas.
Uma hipótese contrária ao cenário
de retração do mercado consumidor
brasileiro seria a de aumento das importações. Ou seja, a produção nacional estaria estagnada, mas o consumo de bens importados teria crescido. A análise dos dados refuta essa
hipótese: a quantidade importada de
bens semiduráveis e não-duráveis de
consumo cai desde 1998.
Outro cenário preocupante é o da
indústria automobilística, segmento
estratégico do ponto de vista das tendências de longo prazo de crescimento. Depois de o Brasil entrar para
o grupo dos dez maiores fabricantes
de carros em 2001, a produção nacional caiu ligeiramente (1%).
O governo de um ex-metalúrgico,
cuja inserção social e política deve
muito à própria história da industrialização brasileira, prossegue em banho-maria com a mesma política
sistemática de estabilização por
meio da estagnação, uma insuportável "estagbilização" cujos custos políticos será difícil evitar.
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