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São Paulo, sábado, 05 de abril de 2003

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CONSUMO ABATIDO

Foi assim nos anos 80 e 90, e a receita continua sob a administração Lula: a estabilização de preços se faz a golpes de política recessiva, deprimindo o crescimento econômico no longo prazo e colocando setores industriais em virtual estagnação.
Não se trata de mera figura retórica. Dados do IBGE confirmam que desde 1999 a produção da indústria de bens semiduráveis e não-duráveis de consumo está estagnada.
Um estudo do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), publicado pelo jornal "Valor", identifica bolsões de estagnação na estrutura industrial brasileira, não por acaso aqueles que mais diretamente dependem do nível e da distribuição da renda no país.
O outro lado da estagnação na indústria é a redução do consumo. Se a produção física fica estável enquanto a população cresce, o resultado líquido é, na média, a piora do padrão de consumo. Ainda segundo o Iedi, a perda de consumo foi de R$ 11 bilhões entre 1999 e 2002 em seis regiões metropolitanas.
Uma hipótese contrária ao cenário de retração do mercado consumidor brasileiro seria a de aumento das importações. Ou seja, a produção nacional estaria estagnada, mas o consumo de bens importados teria crescido. A análise dos dados refuta essa hipótese: a quantidade importada de bens semiduráveis e não-duráveis de consumo cai desde 1998.
Outro cenário preocupante é o da indústria automobilística, segmento estratégico do ponto de vista das tendências de longo prazo de crescimento. Depois de o Brasil entrar para o grupo dos dez maiores fabricantes de carros em 2001, a produção nacional caiu ligeiramente (1%).
O governo de um ex-metalúrgico, cuja inserção social e política deve muito à própria história da industrialização brasileira, prossegue em banho-maria com a mesma política sistemática de estabilização por meio da estagnação, uma insuportável "estagbilização" cujos custos políticos será difícil evitar.


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